domingo, setembro 21

cantiga antiga





havia, quando ainda havia,
ávida de amor, uma menina
na geografia do seu corpo...


pausa para um copo de vinho
e acordes de violinos


eu dizia: havia, já não há.
e por não haver,
quem há de ser
aquela bailando ao luar?


é neste ponto que toca o piano

é uma sombra? uma miragem?
são trapaças do meu olhar?


já não faltam as flautas

havia, sim, havia no ar
uma música suave,
um tênue perfume,
uma qualquer paisagem.

agora há um mar que me afoga,
qualquer rima, qualquer droga
e nenhuma solução.


rufam os tambores




publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002



ilustração: foto de Mário Cravo Neto

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