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terça-feira, julho 13

epitáfio



ilustração: Jan Saudek


aqui jaz
um ninguém
nascido verbo
morto talvez
por uso vago

oremos por ele
neste calvário



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002




um outro jeito de ler


aqui jaz um
ninguém nascido
verbo morto
talvez por uso vago

oremos por ele neste calvário

Fred Matos


quinta-feira, julho 8

ao léu




num pedaço do céu
às vezes luz
às vezes breu
voam meus pensamentos
além do além do léu
levando sonhos memórias
de tempos que ainda não são
e pocam
como bolas de sabão.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

quinta-feira, março 11

coda



não sei quem é o autor da foto


em tudo e por tudo deslocado
liberto pra tomar qualquer destino
palavra ante palavra negaceio
pousar os pés na página ímpar
ainda tenra como a pétala alva
do lírio.

& mais lhes digo sob a pena
do pavão que à beira do caminho
espera comportado a nau de Cronos
ao lado de uma certa senhorita
ainda tenra como a pétala púrpura
do vinho.

& nestas tortuosas paralelas
ditadas por um Narciso louco e cego
nada há que se oculte ou se revele
pois é esta a essência desta coda
ainda tenra como a pétala rara
da alma.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

domingo, março 7

arqueologia miúda



ilustração: Degas "Femme nue étendue"



nos guardados da casa

arqueologia miúda
de um passado recente.

cartas,
velhos cadernos
pejados de poemas,
sonhos,
projetos.

uma pétala seca de rosa,
talvez,
ou de açucena.


uma declaração de amor eterno
infinitamente mais breve
que o papel que a promessa encerra.

assina Lúcia,
de cuja feição não me lembro,

sequer das circunstâncias da paixão

que a carta testemunha.

documentos,
traças,
pó de papel,
mofo...

de que me serve guardar
a Certidão de Óbito do meu pai?


centenas de fotos esbranquiçadas
o texto juvenil de uma comédia
que nunca será encenada.

nem tudo vai para o lixo sem lágrimas,

mas é preciso esvaziar os armários,
atulhados de ontens,

para dar espaço ao novo.



Fred Matos

publicado em "Anomalias".
Editora Kelps

Setembro/2002

quarta-feira, fevereiro 10

carnaval



foto: Mário Cravo Neto


— vam'bora?

não ouvi se ela falou
nem me dei conta de quando foi
absorto nos meus pensamentos.

da mesa ao lado a nota histórica:

"na Grécia, há cinco mil anos,
para ficar famoso,
colocar seu nome no livro dos tempos,
Eróstrato incendiou o Templo de Diana,
uma das sete maravilhas da terra".

é de memória que escrevo agora,
podem ter sido outras as palavras
do, decerto, professor de história,
moço ainda de espinhas na cara.

em guardanapos de papel,
encontrei, depois, no bolso da calça
fragmentos com a minha caligrafia:

utópico trópico meu equador
equinocial equação de gozo e drama
de riso e dor, de sonho e razão
rapsódia melancólica, eólica, louca
rouca, plural.

estanca na boca o tímido estame
da tinta flor, do vento marinho
que brisa a morna pletora, e chora
e ri rebrotando a verdura madura
límpida e singular.

sangra, singrando a pênsil linha
limítrofe entre o pêndulo e o espaço
cindido por imperceptíveis pancadas
rompendo a rota a golpes de sépticos pés
nus e nós. em noz moscada.

enquanto tanto gasto pó palavras
e espanto do meu canto, a luz, o manto
o conduto, a compreensão. salta o sapo
salga o sal, e oculto o obvio, por vezo vil
véu, víbora, tacão.

loucuras. sim, dirás, direi, dirão
e gira a roda da fortuna. escura
a bruma ronda a noite, o dia, a língua
a mão. eu não. ah! sim. ah! são
os santos de ocasião.

amanhece, anoitece, não sei bem
o copo é oco, agora peço a nota
noto que a morena foi embora
pago e trôpego pingo
com um arroto
o ponto final.

não alcanço o sentido disso.

foi uma bebedeira e tanto:
há coisas de que me lembro;
de outras não.

a ela penso que disse
do encanto de estar aqui agora,
de ser este mutante múltiplo
que devora o tempo, as horas.

protagonizei,
vês?,
meu deus íntimo.

íntimo mas falso. outra máscara
das que me permitem dissimular
uma personalidade estranha,
senão irremediavelmente doentia.

agora é a cabeça que dói
é um amargo na boca
é o corpo cansado.

um banho frio,
um café quente e forte
e estarei pronto pra outra.

a festa não pode acabar.


Fred Matos
publicado em "Anomalias"
Editora Kelps
Setembro/2002

quinta-feira, fevereiro 4

ato do verbo



ilustração: foto de Mário Cravo Neto


[para José Félix]



tens a faca
para o ato do verbo
que sangra.

o coito oculto
da fala
mo revela.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sábado, novembro 21

talvez



ilustração: Olga Serova


t
alvez vá gritar teu nome
nas caladas da madrugada


talvez

talvez ele acorde em ti
desejos de namorada

talvez

talvez sim
talvez nada






Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sexta-feira, outubro 23

meus eus


ilustração: Cândido Portinari


Pessoas,

Amanhã, 24 de outubro, é meu aniversário, para festejar, ao primeiro raio de sol, cairei na estrada para Salvador e talvez não tenha acesso à internet até retornar no dia 2 de Novembro.

Desejo-lhes ótimos dias, tanto os úteis quanto nos mais úteis ainda: aqueles dedicado ao ócio.

O poema abaixo "Meus eus" foi escrito para comemorar um outro 24 de Outubro, já faz muitos anos, e publicado no "Anomalias"

Agora vou arrumar as malas, até a volta




Eu,
meu eu,
meu ego.

Eu,
meu id,
meu outro.

No encontro
do que somos,
nos nós
que nos
atamos
passeamos páginas
de riso e pranto,
purgamos penas,
rogamos pragas,
pregamo-nos peças,
pecamos.



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002




domingo, outubro 18

horário de verão



ilustração: Salvador Dali

subvertendo as estações,
mal começa a primavera,
faz-se horário de verão,
que para meu desconsolo
me rouba a hora de sono
onde sempre sonho mais,
porque do último sonho
são meus versos matinais.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sexta-feira, outubro 16

o beato de canudos




ilustração: Cândido Portinari

para Maria da Conceição Carneiro Oliveira



a chuva,
primeiro gota a gota,
depois tempestuosa,
transbordando o Vaza Barris,
sua água escarlate,
sanguinolenta,
escamando torrões,
coágulos da terra,
enlameando os caminhos,
lavando o pó das pedras,
inundando o Belo Monte,
inundando o império,
submergindo o mundo,
molhava os sonhos do Conselheiro.

da infância,
semente da loucura e da razão,
pouco se sabe,
quase tudo é suposição.

o sertão sabe da seca,
da fome,
da sede.
o sertão sabe de Deus,
da esperança,
da fé.
o sertão sabe da dor,
carpida sem lágrimas,
sem esperdício d'água.
o sertão sabe da estiagem,
dos horários da missa,
dos dias do padre,
da submissão.

o menino,
órfão de mãe,
do pai que bebia,
da madrasta maltratos,
criado descalço,
sonhava o mar,
e sonhava com Cristo,
que morreu na cruz para nos salvar.

sonhava com leite e mel
escorrendo dos veios da terra.
sonha ainda
e espera por Dom Sebastião
que sairá das ondas,
à frente do seu exército,
para a nossa redenção.

no Ceará,
aqui,
acolá,
foi professor e caixeiro,
foi rábula,
foi vaqueiro,
teve mulher e dois filhos,
que pelo sonho largou,
pois um dia,
quarenta dias,
iguais uns aos outros
de sua sina peregrina,
Antônio recebeu a revelação divina:

"vai meu filho,
ergue minha casa,
conduz meu rebanho à terra prometida,
que é teu sonho".

Antônio obedeceu,
plantou catedrais de pedra e adobe
para que dobrem os sinos da fé,
despertando a eternidade.

Antônio prega onde não há padre,
ensina a Lei,
leva o batismo
e o mito do Cristo.

Antônio é conselheiro,
é amigo,
meigo companheiro na última unção.

Antônio é pai,
é filho,
é irmão.

do Ceará à Bahia,
onde passou foi ouvido,
fez-se do povo querido
e do Capeta inimigo.

uns diziam que era jagunço
fugido do Ceará,
onde,
por crime da morte,
da mãe e da mulher,
não podia mais voltar
e que,
vivendo de esmolas,
vagava de casa em casa,
de arraial em arraial,
de Chorochó à Vila do Conde,
de Geremoabo à Itapicuru,
nos grotões do sertão baiano,
pregando a rudes ouvintes,
purgando pública contrição
do pecado do sangue;
para o qual não há perdão.

mas, um dia,
sem reação,
por ser a monarquia poder de Deus emanado,
em Itapicuru foi preso
pra Salvador foi levado,
inquirido,
torturado,
de lá pra Fortaleza,
depois Quixeramobim,
chegando,
então,
por fim,
na sua terra natal,
onde foi logo liberto,
que contra ele a lei nada tinha a cobrar,
mas a lenda ainda corre
nas mil bocas dos Barrabás.

foi um dia de festa,
ladainhas e foguetório
quando Antônio voltou e convocou sua grei:
era chegada a hora por todos ansiada
de reunir o rebanho na terra anunciada.

em cada grotão nordestino
a boa nova chegou.

quem tinha propriedade,
botou preço sem apreço
vendeu por poucos trocados,
na pressa de ser o primeiro
nas terras do Nosso Senhor.

nas terras miseráveis do Arraial de Canudos,
onde nada se plantava,
nem criação se fazia,
fincou enfim sua cruz,
plantou uma cidade
às ordens do Senhor.

para cá, diariamente,
demandam os desesperados,
pois sua palavra santa,
é a Lei,
é a Verdade;
e onde era deserto,
trinta mil vidas vinculam
ao dele seus destinos,
em santa felicidade.

trovejam das tropas
tropel de burros abarrotados
de trapos, tralhas velhas, nas trilhas
onde chocalham cascavéis.

é uma estranha procissão:
homens, mulheres, crianças, anciões,
ansiando vida nova na nova Canaã.

os coronéis do sertão,
mal refeitos da perda dos escravos recém-libertos,
vêem apavorados sumir,
como corisco riscando o céu,
os braços que os nutrem.

para eles é um mistério que tantas bocas
possam encontrar o de comer
em sítio tão inóspito.
somente com Deus a prover
é possível o impossível.

e a notícia voou,
nas asas do ódio e do medo,
da inveja e da infâmia;
chegou a Salvador,
ao governador e ao bispo:

"põe esse homem no hospício,
lá é que é lugar de louco"
disse fazendo pouco,
o de batina ao de fraque.

agora é a república,
há no trono do imperador,
um governo de anticristos
maçons;
desafiando a lei
que o beato Conselheiro ensina.

foi quando a guerra começou.

primeiro chegou a polícia,
facilmente escorraçada,
que em cada moita do mato,
em cada fresta de pedra,
em cada buraco do chão,
há um cabra nordestino,
armado de foice ou facão;
mais que isso,
armado de fé
e do amor no Santo irmão.

dos macacos decapitados
ficamos com as armas de fogo
e com toda munição.

alguns dos que chegam passam pra nosso lado;
preferem morrer com Cristo que viver com o diabo.

mas o tinhoso é teimoso
e manda pra esparrela
novas levas de praças:
são tantos os que matamos
que em cada arbusto da estrada
há uma cabeça espetada
e o sangue na terra vermelha
é aqui mais farto que água.

agora é o exército nacional,
soldado, cabo, sargento,
tenente, coronel, general,
até o Ministro da Guerra
vindo do Rio de Janeiro.

vem soldado do norte,
vem soldado do sul,
vêm com obus e canhões,
metralhadoras, granadas,

mas Canudos não se rende,
e em dois anos de batalhas,
aqui se cozeu a mortalha do exército brasileiro.

quem é da terra não verga,
faz de fagulha braseiro.

aqui da minha trincheira,
a boca cheia de terra,
os olhos molhados de sangue,
vejo uma túnica azul,
um chapéus de abas largas,
cabelos até os ombros,
barba inculta desgrenhada,
olhar de sóis nascentes,
numa mão o livro santo,
na outra, qual cetro, um porrete,
caminhando sobre nuvens,
pastoreando as almas
dos cadáveres insepultos,
Santo Antônio Conselheiro,
em cujos pés me agarro.



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sábado, outubro 10

porque hoje é sábado



Ilustração: Ray Caesar - "Exodus"


Era vermelho o vestido na vitrine,
vestido caro, de grife esnobe,
e, na vitrine, o meu olhar capturado
pelo brilho dos seus na tricoline.

Não fosse por isso, eu teria me lembrado
do quanto já sofri no crediário
e que sobra mês no fim do ordenado.

Mas não importa, É sábado.
Você vai estar linda na festa
e, se calhar,
hoje não me faz de besta.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sexta-feira, outubro 9

cova rasa



não sei quem é o autor da foto


no latifúndio da poesia,
João Cabral
foi senhor absoluto.

a palavra exata,
cova rasa,
era dele,
morte e vida.



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002


hoje faz dez anos que joão foi fazer poesia no céu

domingo, outubro 4

carta para Clelia Romano



Ilary Blasi - foto de divulgação


Clélia,


Recebi sua carta: lhe achei amarga.
Os anos, sei, sim, passam...
que, com eles, passem as mágoas
e, com a sabedoria que nos dão,
não devem mais passar em vão.

Eu, para mim, já não espero nada.
Desliguei o telefone às conversas fiadas.
Os filhos crescem e são
tão parecidos a como éramos:
donos do destino e da razão.

É bom que nem tudo funcione bem.
Eu não me adaptaria bem ao tédio
de uma rotina sem surpresas e zangas.
Aqui a chuva passou e as meninas do prédio
já podem desfilar de tangas.

Pois é, você percebe...
depois de velho o ridículo que sou:
voyeur, pelas frestas e janelas,
dos corpos seminus que vão à praia,
me chamam tio e não me dão trela.



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sábado, outubro 3

anima


ilustração: Magritte
The False Mirror


a poesia anima o verso
e a lanterna do pescador

aquele sem ela é vazio
aquela sem ela não aclara

não é a vara que pesca
nem é o poema que fala




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

sexta-feira, outubro 2

embriagado de metáforas


foto: Dila Luna Matos


embriagado de metáforas
eu vejo na curva da estrada
aquele que fui e que passa
com passos de passarinho

vai levando sem remorsos
minha inocência meus sonhos

segue alegre vai cantando
e eu catando as lembranças
que deixa cair no caminho




Fred Matos
publicado em "Anomalias"
Editora Kelps
Setembro/2002

quinta-feira, outubro 1

o louco e o poeta






para Mauricio Rosa de Almeida


no átimo de uma vida
traçada com o fio do acaso
na árdua estrada ilógica,
seguem, o louco e o poeta,
alargando as margens da rota.

vão, no limite que criam,
tornando concreto o fantástico,
semeando sonhos e alegrias,
mesmo com a alma em pedaços,
porque sabem que tudo é falso.

sabem que a vida é alegoria,
conhecem o sabor do fracasso
e que toda glória é vazia,
mas seguem: ampliando espaços
para uma nova teogonia.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002


ilustração: "Pair of Shoes, A, 1886" Van Gogh

quarta-feira, setembro 30

covardia



ilustração: Jan Saudek



Amanheço e a manhã passa fagueira,
mas canso ao esperar passar a tarde.
Que venha logo a noite, quando arde,
em versos graves, minha vida inteira.

Só à noite escrevo, pois sou covarde
e, à luz do sol, minha sina feiticeira
é recolher, para lenha da fogueira,
sonhos, dores e anseios. Sem alarde.

Somente à noite me é dado confessar
os pecados de uma vida sem razão
e desejos, a ferro e fogo sofreados.

Assim tem sido, pois não posso magoar
os que me amam, mas não vêem a solidão
que lhes oculto com sorrisos ensaiados.




Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

segunda-feira, setembro 28

cantiga antiga



foto: pascal renoux



havia, quando ainda havia,
ávida de amor, uma menina
na geografia do seu corpo...


pausa para um copo de vinho
e acordes de violinos


eu dizia: havia, já não há.
e por não haver,
quem há de ser
aquela bailando ao luar?


é neste ponto que toca o piano

é uma sombra? uma miragem?
são trapaças do meu olhar?


já não faltam flautas

havia, sim, havia no ar
uma música suave,
um tênue perfume,
uma qualquer paisagem.

agora há um mar que me afoga,
qualquer rima,
qualquer droga
e nenhuma solução.


rufam os tambores



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

quinta-feira, setembro 17

modorra


não sei quem é o autor da foto


aqui não é de nevar
mas faz frio quando troveja,
quando vem ventania do mar
ou se ela não quer namorar

então, só me resta um consolo
em noite assim modorrenta:
fechar a conta no bar
me enfiar na cama e sonhar
que ainda não beiro os sessenta
e que toda moça bonita
quer nos meus braços ficar
até o dia raiar
ou até que acabe a tormenta



Fred Matos
publicado em "Anomalias"
Editora Kelps
2002


nota: no livro era "ainda não beiro os cinqüenta", mas o tempo não pára e o poema pode também se atualizar.

terça-feira, setembro 15

léxico anoréxico


ilustração: Anke Merzbach


um léxico anoréxico
foi tudo o que restou
na minha pó-poesia.

um complexo plexo
amplia minha neura:

sou filho de feiticeira
fui feito de fantasia.


Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

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