quinta-feira, setembro 18
a casa
a casa tem três quartos
seis gatos
um menino
um quarto é branco
há um que é rosa
outro de vidro
um gato é vinho
há um que é negro
quatro cristais
o menino é verde
a sombra brilha
um homem sai
há sobre a mesa
uma foto velha
outra janela
mão estendida
uma mendiga
divide o pão
passam sorrindo
ciganos turistas
alemães
salva de palmas
ecoa na sala
rompe o silêncio
anáguas de seda
manchadas de sangue
bailam macias
moças pintadas
aspiram fumaça
entorpecidas
todas as tintas
de todas as cores
embaralhadas
o azul da poesia
o verde do verso
bala de prata
soldados de chumbo
soluçam no sótão
canções marciais
lavou a louça
um mar de rosas
pétalas púrpuras
lembranças da infância
esquinas escuras
metáforas tontas
jogam cartas
três damas
par de ases
vide o verso
vice e versa
na cozinha
adolescentes
eqüidistantes
lições poentes
lamentam lírios
quarenta e três filhos
oitenta e dois pais
o criado mudo
não é cego nem surdo
nos galhos pardais
piratas de pano
já não fazem planos
diamantes corais
olhando o vazio
o menino assobia
o mundo jamais
o resto é mistério
o resto é poesia
eu não digo mais
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