ilustração: Isis, foto de Fred Matos
para Isis, minha filha.
este frio que cresce no meu plexo
é léxico de uma língua antiga e rara
almenara tatuada na minha pele
a noite é de lã um manto negro
o meu mais cálido agasalho
de saudades e ausências salpicado
nenhuma palavra perfura o aço
nenhuma açoita o tempo
nenhuma funda a eternidade
mas aquele léxico diuturno
forasteira luz do meu vocabulário
penetra cada fresta do manto
e canto um monótono mantra
trama sânscrita desta escrita
negra etérea noite infinita.
Fred Matos
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