(Para Manuel Rodrigues)
Em tintas belas e fortes,
Euripedes, como Belerofonte
e Shakespeare, como Ricardo,
da triste condição humana,
nesses dois poemas me falam:
Um olha o céu, onde é
vazio o trono divino,
pelo que os pios pela fé
purgam na terra pecados
dos tiranos que os enganam
e os trazem escravizados.
O outro, raso e ferino,
na morte a todos iguala
e aos reis, reses na vala
iníqua da ingratidão,
justifica o perdão
na solidão das muralhas.
Um acusa, outro defende,
estão ambos errados
onde ambos têm razão,
pois a natureza das coisas
não é rua de uma só mão.
Fred Matos.
29/10/1999.
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