João Augusto Sampaio ©
ilustração: Van Gogh
Portrait of a Old Man with Beard, 1885
Cofio os fios da minha barba.
Cafunéio minha barba.
Converso com minha barba.
Somos um só,
eu e minha barba,
até justo antes do corte.
E assim ficamos,
dois em um,
enquanto o corte não vem.
Por não temermos o corte,
conversamos,
eu, minha barba, nós mesmos.
A questão do ser ou estar,
que só no português se impõe,
leva-me também às minhas unhas crescidas.
Sendo, ficando ou estando,
conversamos
eu, minha barba, minhas unhas.
Enquanto o corte não vem.
Salvador, 23.2.1999 AD
João Augusto Sampaio
Natural de Ipiaú, Bahia, João Augusto Sampaio, mora em Salvador. Nunca chega na hora marcada, apesar de ser engenheiro e poeta, ou talvez por isso mesmo. Participou com poemas no “Anuário 1997” do Grupo Cultural Pórtico e das Antologias Poéticas “Hermanos” e “Poesias de Brasil”, reunindo poetas brasileiros e cubanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário