se os meus braços tremerem
a minha voz embaçar-se
os meus olhos umedecerem
a natureza conspirar
e meus ossos virarem cinzas
se o tempo não vier
e vindo seja findo
o encanto que nos une
não me terás perdido
viverei nos teus sentidos
no vento que te acaricia
em cada pétala macia
de cada flor que afagues
viverei até que se apague
do sol a última chama
serei o perfume da cama
serei o som do silêncio
as notas de uma sonata
serei a palavra exata
que se te escapa no gozo
serei o amante ardoroso
para as tuas fantasias
serei todos os dias
teu servo mais dedicado
serei o anjo enviado
para velar o teu sono
serei no teu outono
a maturidade tranqüila
nas tuas mãos serei argila
sêmen água e sândalo
e se houver escândalo
serei o teu segredo
apaziguarei os teus medos
será tua a minha alegria
porque tu és a poesia
a alma que me anima
és a jóia mais rara
o clarão da almenara
que ilumina meus passos
és a régua e o compasso
com que traço a minha vida.
só por ti se consolida
em mim uma nova sintaxe
és do meu ânimo o ápice
do meu cansaço o repouso
só por ti é que eu ouso
romper todas as cadeias
não é morto quem peleia
estou mais vivo que nunca
nenhuma palavra se trunca
embora não sejam perfeitas
e na estação da colheita
serei o fruto maduro
semente do teu futuro.
Fred Matos
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