domingo, novembro 9

na forja do voa-tempo - Samir Oliveira Ramos


Samir Oliveira Ramos ©

Foto de Fred Matos


Na forja do voa-tempo
Faíscas do metal contra o metal
A espada ancestral vai nascendo
A mão que a empunhará vai nascendo
Em cada golpe contra a bigorna
Em cada beijo metálico que exorciza o mal

Na forja do voa-tempo
Faíscas do metal contra metal
As correntes do mal vão nascendo
As mãos que se prenderão vão nascendo
Em cada golpe que constrói um elo
E no suor que rega a flor visceral

Na forja do voa-tempo
Utensílios de soldados e naus
Capacetes de capitães e desvarios
Nascem e proliferam no cabedal
E em marcha, ao sol e lua, vão partindo
Homens e ultra-homens vão seguindo
Escrever as histórias de mar abissal

Na forja do voa-tempo
Homens envelhecem, queimam e fedem
Contam as histórias dos calos das mãos
Mas nenhum empunhou uma espada
Nem levantou mastro na tempestade
Nem escreveu com fogo
O que só se conta com lágrimas.


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