segunda-feira, setembro 15

pacto


falemos sobre as pequenas coisas que nos cercam
falemos vagarosamente para que durem
um mínimo instante além do tempo que as fitamos

para as grandes coisas já dedicamos toda a nossa pressa
e ela não foi capaz de nos dar conforto
nem de solucionar os graves problemas humanos

dediquemos às pequenas coisas um olhar preguiçoso

melhor ainda façamos um pacto de silêncio
enquanto caminhamos de mãos dadas
como Ricardo e Lídia à beira do riacho
onde eu nunca me havia dado conta dos pés de avenca
na sombra amarela do Ipê

façamos um pacto de silêncio para ouvir os pássaros
façamos um pacto de silêncio para ouvir as águas
e os seixos que rolam no seu leito

façamos silêncio para ouvir o vento
façamos silêncio porque as palavras estão gastas
como os seixos que rolam ao sabor das circunstâncias.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Um poema de respirar fundo, uma melancolia reconciliada, a sua sageza, Fred, que reconheço de tantos outros poemas.
Um beijo, meu amigo.

Fred Matos disse...

Obrigado pela visita e comentário, amiga.
Beijo

pesquisar nas horas e horas e meias