domingo, setembro 7

à luz de vaga-lumes




















ouvi dizer que havia

na cidade de Alhures

um homem que fazia

à luz de vaga-lumes

um livro de poesias.


mas que todavia

quando amanhecia

nada havia escrito

porque ele não sabia

como expressar seu grito.


“não há som que se iguale

não há verbo que o exprima

não há sequer metáfora

que dele se aproxime.”


assim se lamentava

de outra noite insone.

à luz do sol perseguia

em tudo que o rodeava

qualquer coisa que pudesse

ser indício do que sabe

mas dizê-lo desconhece

por ser coisa sem imagem.


ouvi dizer que há

na cidade de Alhures

um homem que insiste

à luz de vaga-lumes

encontrar um som que fale

coisa que a nada equivale.



ilustração: "O Grito", de Edvard Munch

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá, meu amigo!

Li o seu post no multiply e vim te visitar. Ao som de "Blue moon" e à luz de vaga-lumes te deixo um beijo e os meus votos de muito sucesso.

Amei o poema e o blog. Visite o meu também, se puder. Ficarei honrada!

Ada

Fred Matos disse...

Obrigado pela visita, leitura e comentário, Ada.

Anônimo disse...

A arte - e a poesia neste caso - é sempre essa aspiração, não é, Fred?
Beijo, boa semana e bem-vindo ao blogspot :)

Fred Matos disse...

Eu creio que sim, Sol. E acho que perderia todo interesse pela criação se algum dia conseguisse exprimir com exatidão – ou pensasse te conseguido exprimir - esta coisa indizível. A arte, vista assim, realiza-se no fazer, na incessante busca de um inatingível arco-íris, e o seu produto, neste caso o poema, é apenas uma imagem aproximada, jamais um retrato irretocável.
Obrigado por vir e por comentar.
Beijo-a

Adair Carvalhais Júnior disse...

Tá ótimo o blog, Fred.

gde abraço

Fred Matos disse...

A sua presença o enriquece, Adair.
Abração.

pesquisar nas horas e horas e meias