ouvi dizer que havia
na cidade de Alhures
um homem que fazia
à luz de vaga-lumes
um livro de poesias.
mas que todavia
quando amanhecia
nada havia escrito
porque ele não sabia
como expressar seu grito.
“não há som que se iguale
não há verbo que o exprima
não há sequer metáfora
que dele se aproxime.”
assim se lamentava
de outra noite insone.
à luz do sol perseguia
em tudo que o rodeava
qualquer coisa que pudesse
ser indício do que sabe
mas dizê-lo desconhece
por ser coisa sem imagem.
ouvi dizer que há
na cidade de Alhures
um homem que insiste
à luz de vaga-lumes
encontrar um som que fale
coisa que a nada equivale.
6 comentários:
Olá, meu amigo!
Li o seu post no multiply e vim te visitar. Ao som de "Blue moon" e à luz de vaga-lumes te deixo um beijo e os meus votos de muito sucesso.
Amei o poema e o blog. Visite o meu também, se puder. Ficarei honrada!
Ada
Obrigado pela visita, leitura e comentário, Ada.
A arte - e a poesia neste caso - é sempre essa aspiração, não é, Fred?
Beijo, boa semana e bem-vindo ao blogspot :)
Eu creio que sim, Sol. E acho que perderia todo interesse pela criação se algum dia conseguisse exprimir com exatidão – ou pensasse te conseguido exprimir - esta coisa indizível. A arte, vista assim, realiza-se no fazer, na incessante busca de um inatingível arco-íris, e o seu produto, neste caso o poema, é apenas uma imagem aproximada, jamais um retrato irretocável.
Obrigado por vir e por comentar.
Beijo-a
Tá ótimo o blog, Fred.
gde abraço
A sua presença o enriquece, Adair.
Abração.
Postar um comentário