sexta-feira, setembro 19

pecado




para lucinha, prima


pé no pó da terra erma
o poeta errante rompe
sem sede sede ou fome
pois a dor que o consome
é pouso pão e sustenta,

vales campinas e montes
até que a noite escureça

busca no norte e no oeste
busca no sul busca no leste
e ampliando os horizontes
busca nas funduras da terra
no espaço nas ilusões que sidera
o nirvana onde espera encontrar
o fim das aflições da espécie

à beira dum regato manso
deita o corpo agora lasso
e lança o olhar ao espaço
para ver se nas estrelas
nas lembranças da infância
no infinito que alcança
distingue o destino que almeja

assim entendo a peleja
a que estamos condenados:
da racionalidade é o fado
que ilumina e enlouquece
pois pensar é o único pecado
exclusivamente humano

cerro os olhos

cai o pano




Publicado em “Eu, Meu Outro”
Editora Poesia Diária

Maio/1999.

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