se quando durmo não lhe tenho ao lado.
são vestígios dum longínquo passado
aferrados ao inconsciente. é o que suponho.
sou ainda refém dos temores originais,
eras em que, como ainda, a cizânia impera.
lutam sem glória, em mim, o homem e a fera,
pedaços meus que herdei dos ancestrais.
acendo chamas que iluminem e aqueçam
a noite fria da caverna e espantem o medo
de ficar acompanhado só com meus segredos.
ascendo preces aos deuses, faço oferendas,
na esperança de poder lhe ter nos braços,
que, sem você, sou só lembranças do passado.
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999
ilustração: foto de Mário Cravo Neto
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