“O pior não é tanto estarmos sós, pois isso já é sabido e nem tem solução. Estar só é definitivamente estar só dentro de certo plano, no qual outras solidões poderiam comunicar-se conosco se a coisa fosse possível. Todavia, qualquer conflito, um acidente de rua ou uma declaração de guerra, provoca o brutal cruzamento de planos diferentes, e um homem, que talvez seja uma eminência do sânscrito ou da física dos quanta, converte-se num pépère para o enfermeiro que o assiste num acidente. Edgar Poe metido numa ambulância, Verlaine nas mãos de um médico qualquer, Nerval e Artaud diante dos psiquiatras. Que podia saber de Keats o Galeno italiano que o sangrava e matava de fome?”
Cortázar
Em “O Jogo da Amarelinha”
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