ilustração: foto de Luc Selen ©
o tilintar dos talheres assinala
que está posta a refeição
a toalha da mesa não revela os cerzidos
onde o tempo e o uso esgarçou as fibras
difusa
a luz solar
vence a cortina que esvoaça
em vestígios de uma canção
que aos comensais passa despercebida
andrógina voz canta as vicissitudes da solidão
a senhora tece comentários domésticos
aos quais o esposo assente cabeceando
olhos postos nos próprios pensamentos
ensimesmado num mundo
em tudo diferente deste
onde autômato mastiga engole bebe e concorda
pela conveniência de não imiscuir-se no que considera irrelevante
a mulher fala do factual
alheio
o homem delira
e pede a sobremesa.
Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002
o tilintar dos talheres assinala
que está posta a refeição
a toalha da mesa não revela os cerzidos
onde o tempo e o uso esgarçou as fibras
difusa
a luz solar
vence a cortina que esvoaça
em vestígios de uma canção
que aos comensais passa despercebida
andrógina voz canta as vicissitudes da solidão
a senhora tece comentários domésticos
aos quais o esposo assente cabeceando
olhos postos nos próprios pensamentos
ensimesmado num mundo
em tudo diferente deste
onde autômato mastiga engole bebe e concorda
pela conveniência de não imiscuir-se no que considera irrelevante
a mulher fala do factual
alheio
o homem delira
e pede a sobremesa.
Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002
2 comentários:
Lembrava-me bem deste poema, Fred. Tão bem exprime o desencanto, a usura dos dias...
Beijo grande
Na falta de novos poemas, vou colocando os velhos, quem sabe seja gatilho para voltar a escrever.
Obrigado por vir e comentar.
Beijo-a
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