Pois bem, vejamos,
aquilo que ainda é oculto,
pimenta no sorvete de morango,
um cego que tem medo do escuro,
o laço que não ata nem aperta,
o louco que mantém a mente alerta,
enterro de anão
e a cova a b e r t a
onde vou plantar meus absurdos.
Senão, vejamos...
Mas, contudo,
talvez o que me falte em conteúdo
me sobre em ousadia [ou em pirraça]
e eu possa...
Não, não posso,
[por mais que queira]
tomar um outro copo de cachaça
nesta noite de segunda-feira.
Assim, porém,
os dias vão passando lentamente
e é certo que eu fique eternamente
na sombra de uma figueira-de-bengala
atento ao rebolado das mulatas
até que a lua venha em meu encalço,
até que caia neve na caatinga,
até que me nasçam novos dentes
e eu possa novamente rir de mim.
Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002
2 comentários:
Bem seu este poema, meu amigo - humor e poesia na dose certa.
Obrigado, Helena.
Beijos
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