sexta-feira, outubro 31

à sombra

para o mano Zé Ricardo


estes versos, filhos da noite escura,
contaminados do negrume de quando concebidos,
clamam por luz e alegrias diurnas,
pela alegria da algazarra infantil, na praça
onde aposentados jogam dominó na sobra de árvore frondosa.

praça, arvores, sombra, que tenho na lembrança;
de uma cidade que, não sei onde, não existe mais.

mas é noite e é escuro e tenho sono e preguiça.

gatos miam no terreno baldio, ao lado da minha casa,
onde, talvez, um dia, contrariando o inevitável,
não se levante um prédio, outra muralha,
mas uma praça, com arvores e sombras,
onde eu possa reunir-me aos velhos do bairro
para um jogo de dominó, ao som de gargalhadas.


 

Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999

 

 

 

 

2 comentários:

Anônimo disse...

nostalgia do presente e do futuro
o passado a todos pertence
muito bem descrito

Fred Matos disse...

Obrigado, Iosif.
Abração

pesquisar nas horas e horas e meias