segunda-feira, novembro 17

poema mimado - Eduardo Weller (Phi)


Eduardo Weller (Phi) ©

Foto: Adenor Gondim

 

Admiro os feios confessos,
os gordos inculpados,
os magros esqueléticos,
os zarolhos assumidos...
Admiro tudo o que é feio e se sabe feio
- e o sabendo, é vaidoso,
passa horas diante do espelho
penteando sua feiúra
acima do Bem e do Mal,
acima da necessidade orgânica de ser hipócrita.

Não temos poemas feios!
Como não temos filhos feios.
O problema é que há beleza de mais no mundo,
o problema é que há beleza de sobra em nós,
o problema é que a feiúra é um problema
e nós não temos problemas,
antes fossem pobremas,
mas nem pobres nós somos...
só temos poemas, poemas e poemas...

Os nossos poemas não se penteiam
- a gente que tem que pentear eles,
repartidos ao meio, como a gente gosta,
lambidos e sem cabelo ruim.
E como cheiram bem, impecáveis.
Os nossos poemas não suam!
E não é só isso:
os nossos poemas não fazem pum!
E limpamos o bumbum dos nossos poeminhas
- manhê, terminei.


6 comentários:

Elis Zampieri disse...

Boa comparação. Como nossas crias (filhos ou poemas) são sempre belos. Mas particularmente, adoro poemas divertidos e criativos, e esse Fred cabe direitinho no meu gosto.
Abraços e risos.

Fred Matos disse...

Eu gosto também, Elis.
O Eduardo Weller era um dos amigos virtuais das listas de poesia que freqüentávamos no fim do século passado, primeiros anos deste século vinte e um.
Não era um dos meus mais íntimos porque ele aparecia pouco, mas eu gostava de todos os poemas dele. Faz muito tempo que não tenho notícias.
Obrigado, amiga, pela visita, leitura e comentário.
Beijos

Elis Zampieri disse...

Hummm! pensei q fosse seu, meus olhos me traíram. De qualquer forma diz pro seu amigo aí que gostei muito! rsrrss

Fred Matos disse...

Se ele for como eu, que periodicamente pesquiso o meu nome no google, encontrará este post e estas nossas mensagens. Ou se alguém que o conhece avisar, pois, como disse antes, faz muitos anos que não ouço falar no Phi e é provável que ele nem se lembre de mim.
Beijos, Elis.

Anônimo disse...

Eu sou como você, Fred, eu me pesquiso no google de vez em quando e tive o prazer de "me achar" aqui! :)

E claro, lembro de você e sim, tenho aqui em mãos o exemplar autografado (data de 2002) do seu "Anomalias".

Eu e o livro passamos muito bem aqui no planalto central, o tempo não nos fez mal!

Grandes abraços! (e obrigado pelo elogio, Elis, o recado tá dado)

Fred Matos disse...

Maravilha Phi, que você tenha encontrado este post e este papo, que tenha vindo e comentado. Bom saber que você está bem. Espero que volte sempre. Foi mesmo um imenso prazer e uma surpresa.
Abração.

pesquisar nas horas e horas e meias