não sei quem é o autor da ilustração
o amor é um pássaro esquisito
se o escrevo já não o sinto
porque para escrever eu penso
e quem pensa no amor não ama
quem ama não pensa, se inflama
não come, não dorme, fica aflito
os olhos não vêem, a mente derrete
perde-se o norte, o sul, leste e oeste
e os versos do indivíduo, coitado,
parecem-se com as cartas ridículas
de qualquer outro enamorado.
guarde na memória o que eu digo:
nunca escrevo o que sinto
nem gosto de versos melados
Fred Matos
30/11/2008
22 comentários:
Quem ama não pensa.
É a coisa mais certa que li hoje.
Beijos, moço ;)
O amor pode até ser um pássaro esquisito, mas é bem bonito, assim como o teu poema...
Bjs
Ada
Pois é, há controvérsias e eu respeito todas as opiniões, mas acho que o amor (entenda-se neste caso a paixão) é um período de embotamento do raciocínio produzido por algum hormônio alucinógeno (risos). Obrigado, Flávia, pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Ada,
Não se pode negar que o amor é bonito sim, quanto ao poema, é você que está dizendo e eu agradeço.
Beijos, poeta.
não pensa, não enxerga, não ouve...
adorei seu poema.
bjimm menino
Obrigado, Vanya, fico contente porque você gostou.
Beijo
Grande Fred!!! E eu cada vez mais fã. Fechou com chave de ouro nossa conversa. Seus comentários estão perfeitos.
[mode preocupada on]
Correndo pro blog ver se meu último post não ficou meloso. (apesar de já ter dito, também não gosto)
[mode preocupada off] :)
Bjos.
rsrsr, então não gosta do que escrevo, é muito melado, e por vezes escrevo o que sinto, ou sinto o que escrevo, ou quero sentir, sei lá.
Um dia pensava algo parecido, quem anda escrevendo muito sobre amor, não está vivendo, quem vive, não tem tempo para escrever.
boa semana!!
Elis,
O bom dessa troca de impressões, de opiniões, é que as idéias surgem mais nítidas. Isso me estimula a escrever e foi por necessitar deste estímulo que resolvi iniciar este blog. Tenho lido muita coisa "melosa" pois, como diz Dila, minha mulher, "parece que todo mundo é poeta". No seu caso, porém, não acredito que você ponha açúcar demais. (risos).
Beijos.
Paula,
Eu não sou nem quero ser modelo pra nada, muito menos para dar aulas de poesia. Comigo não funciona escrever acerca das coisas que estou sentindo, mas talvez funcione com você.
Boa semana.
Fred, concordo contigo sobre essa espécie de inverno que é o amor (a paixão, aqui no caso). Um alucinógeno.... um anestésico... Muito bom o poema. Abraços.
Obrigado, Rafael, sua visita é sempre motivo de alegria.
Obrigado pelo generoso comentário.
Grande abraço
Fred, adorei o soneto.
Descreve bem o jeito de ser e de escrever pessoano, universal.
Abraços
Não sabia que você tinha um blogue, meu caro! Virei aqui para ver-lhe, meu caro.
Abraço,
Rodrigo
seu belo poema me fez lembrar um escrito do sérgio fantini que diz:
"Nem tão amarga
Que se torne intragável
Nem tão doce
Que possa melar o jogo ".
acho que é isso, por aí, nas suas linhas e nas dele.
Joeldo,
Por falar em Pessoa, você tem notícias do nosso amigo Rodolfo C. Alves?
Obrigado, amigo, pela visita, leitura e comentário.
Grande abraço
Pois é, Rodrigo, faz pouco tempo que comecei. Já estive no seu e gostei muito. Agradeço-lhe por vir, ler e comentar. Volte sempre!
Abração
Camila,
Sim, é isso: pelo caminho do meio, pelo equilíbrio, conquanto seja mais fácil encontrar bons poemas acres que bons poemas açucarados.
Grato pela leitura e comentário.
O seu poema é bonito, mas eu pretendia dizer que não concordo que o amor é como você diz, mas os comentários esclarecem que você queria dizer paixão, se é assim sou obrigada a concordar.
Abs.
Pois é, Luana, usei a palavra amor para dizer paixão e como todo mundo está concordando, eu devo imaginar que ninguém que comentou está apaixonado atualmente (risos). Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Abraço
Gostei bastante de seus poemas. Trazem aquele algo de novo que a gente sente mas nunca diz ou nunca ouviu dizer. Foi uma agradabilíssima surpresa. Neste, em particular, gostei da visão meio Álvaro de Campos do amor. Em "insular", a idéia de algo maior comportando um algo igual e menor dentro de si e tudo sendo ilha dentro de ilha, sozinho, isolado, é muito bonita. Gostei também de como você explora o fundo preto e as cores das fontes como linguagem poética. Minhas humildes felicitações!
Olga
Ah! Olga, a generosidade da sua análise será estímulo para tentar fazer melhor. Obrigado pela visita, leitura e comentário. Fiquei muito contente.
Beijos.
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