Lilia Chaves ©
Se o silêncio persistir
procura-me entre os relógios
e aquele pássaro
(na gaveta)
eu sou a pena antiga
eu sou a ilha do desenho
(queimado)
de nanquim
sou a cinza das cartas
entre os túmulos
e esta idéia gêmea em nossos corpos
(sem par).
Se o silêncio persistir
respira-me nos confins das noites
(no patchuli do meu aroma)
e deixa partir teu pensamento:
estou na canoa sem porto
feita de vento
e miriti.
Não reveles da caixinha
o segredo laqueado
e guarda o amor dos teus plurais
toca-me na capa de couro
dos cadernos teus de sonho
relembra impresso
o tempo nosso das palavras
E beija-me o silêncio...
sou este beijo que ficou
em teu lábio
pendurado.
Lilia Chaves é poeta, professora de Literatura Francesa, autora de ensaios sobre teoria literária e do livro de poemas E todas as orquestras acenderam a lua.
7 comentários:
você escolhe muito bem
abraço
Qualquer poema da Lilia seria uma boa escolha, Iosif.
Obrigado pela vista, leitura e comentário.
Abração
Sempre esta delicadeza da poesia da Lilia, súbtil, um ritmo de águas mansas, e aqui também o embalo de outros sentidos. Sim, foi uma bela escolha, Fred.
Beijo grande
Sol
É como ouço também a melodia da poesia da Lilia.
Obrigado, Sol, pela visita, leitura e comentário.
Beijos
que maravilha!
Sim.
Obrigado, Maria, pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Fred, obrigada. Você fez tudo ficar lindo. E eu fiquei toda prosa!
Bises,
Lilia
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