quarta-feira, novembro 5

vício infértil


para Juliana, afilhada


desde ver-te noites insones velo
vindimando versos vício infértil
se de mim é o ego que revelo
e ele é uma máscara inútil.

os sonhos que reprimo tantas taras
mesmo a mim é negado saber
que em remoto dia outras eras
não me lembro quem me fez esquecer.

no exercício de mostrar-me íntegro
cai a máscara que outra oculta
e me perco onde me acho ímpio
fruto peco que o sofrer avulta.

as noites ermas passam lentamente
e minha poética persiste latente.


Fred Matos

publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999

 

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