um pantum* subvertido
ilustração: Yang Xueguo
as fundas valas cavadas com as mãos
de homens vermes famintos e tristes
são cicatrizes riscadas a bala
na alma da terra, dos mares, dos rios.
de homens vermes famintos e tristes
rompem risadas e soam assobios
na alma da terra, dos mares, dos rios
brotando das nódoas, dos desvarios
rompem risadas e soam assobios
escárnio da carne sempre servil
brotando das nódoas, dos desvarios
as fundas valas cavadas com as mãos.
as fundas valas cavadas com as mãos
brotando das nódoas, dos desvarios
escárnio da carne sempre servil
rompem risadas e soam assobios.
brotando das nódoas, dos desvarios
na alma da terra, dos mares, dos rios
rompem risadas e soam assobios
de homens vermes famintos e tristes
na alma da terra, dos mares, dos rios.
são cicatrizes riscadas a bala
de homens vermes famintos e tristes
as fundas valas cavadas com as mãos.
Fred Matos
* Pantum - poema malaio feito em quadras, no qual o segundo e o quarto verso da primeira quadra são o primeiro e terceiro da segunda; e o segundo e quarto verso da segunda quadra são o primeiro e terceiro da terceira quadra; etc...
as fundas valas cavadas com as mãos
de homens vermes famintos e tristes
são cicatrizes riscadas a bala
na alma da terra, dos mares, dos rios.
de homens vermes famintos e tristes
rompem risadas e soam assobios
na alma da terra, dos mares, dos rios
brotando das nódoas, dos desvarios
rompem risadas e soam assobios
escárnio da carne sempre servil
brotando das nódoas, dos desvarios
as fundas valas cavadas com as mãos.
as fundas valas cavadas com as mãos
brotando das nódoas, dos desvarios
escárnio da carne sempre servil
rompem risadas e soam assobios.
brotando das nódoas, dos desvarios
na alma da terra, dos mares, dos rios
rompem risadas e soam assobios
de homens vermes famintos e tristes
na alma da terra, dos mares, dos rios.
são cicatrizes riscadas a bala
de homens vermes famintos e tristes
as fundas valas cavadas com as mãos.
Fred Matos
* Pantum - poema malaio feito em quadras, no qual o segundo e o quarto verso da primeira quadra são o primeiro e terceiro da segunda; e o segundo e quarto verso da segunda quadra são o primeiro e terceiro da terceira quadra; etc...
16 comentários:
Incrível este teu pantum! Me lembrou o teor poético de Augusto dos Anjos. A repetição do fonema "s" sibila como o assobio, de modo que temos então um sussurro que talvez seja proveniente dos fantasmas dessas "valas". Pelo menos, foi a leitura que fiz aqui.
Obrigada por visitar o blog. Te respondi lá!
Removi o comment anterior, pois havia engolido algumas letras. Neste aqui, tentei degustá-las e saboreá-las.
Abraços! Até mais!
Li umas três vezes e é incrível como esse gênero de poema é forte e muda o sentido conforme vc muda a estrofe, mas é sempre voltado para a mesma idéia.
A ilustração que vc colocou foi feita sob medida.....rs
beijo..........Cris Animal
Obrigado, Ariane, pela visita, leitura e comentário.
Abraços
Cris,
Na época que escrevi este poema (faz muito tempo) estava fazendo experimentações com formas poéticas que não são muito usadas, mas foi o único pantum que escrevi, talvez porque seja muito difícil trabalhar com as repetições sem que isso soe mal, mas também devo dizer que eu não cumpri a receita à risca, de certa forma subverti-a reintroduzindo nas estrofes seguintes versos que não precisavam ser repetidos pois cumprida a obrigação de que o segundo e o quarto verso da primeira quadra sejam também o primeiro e terceiro da segunda eles não precisam ser repetidos nas estrofes seguintes.
Estou pensando na hipótese de voltar a experimentar e, desta vez, sem subversões. (risos)
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Fred, fiquei feliz pela visita no meu blog e estou adorando ler o seu! Amei a sonoridade deste poema, parabéns! As fotos também sao belíssimas.
bj,
Andrea
OBS: Respondi teu comentário lá no blog!
Fred, por acaso essas duas fotos grandes (a do início e do final do blog) seriam em Porto de Pedras/AL?
"as fundas valas cavadas com as mãos."
Um dos versos mais lindos e profundos,lindo poema meu caro poeta.
Obrigado pela visita ao meu blog,beijo;*
As fotos não são de Porto das Pedras, Andrea
Infelizmente eu não anotei e não me lembro do nome desta cidadezinha que fica no litoral norte de Sergipe, já próxima à divisa de Alagoas, onde, por curiosidade, entrei em uma das minhas viagens de Salvador para Maceió por via litorânea, nos trechos onde existe.
Faz tempo que pretendia pesquisar no mapa do Google e, caso não esteja enganado, as fotos são de Brejo Grande(SE).
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentários.
Beijos
Fico muito contente por você gostar do poema, Clarice.
Agradeço-lhe a visita, leitura e pelo generoso comentário.
Beijos
Interessante...
Gosto de tudo que escreve!!!
Bjo carinhoso,
Branca.
Puxa, Branca, então gosta mais que eu mesmo (risos).
Fico envaidecido e contente.
Obrigado.
Beijos
homens vermes
todos nos todos eles
num mundo que era verde
homens perversos
queimando florestas
alagando os restos
Fred, belo "pantum", sempre aprendo de quem conhece, poesia ciência arte e sapiencia
abraço
Quisera eu conhecer uma mísera parte do que conheces, meu caro amigo Iosif.
Grato
Abração.
Bela composição Fred! Experimente sim, mais, sempre. Bjos, bjos, bjos!
Obrigado, Elis.
Sentia falta dos seus comentários.
É, pretendo voltar a experimentar o pantum.
Beijos
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