domingo, dezembro 14

na noite das barricas bentas


ilustração: Jan Saudek
The Reader of Dostoievsky, 2000


Nem rastro ficou. Só a notícia do estrago que nem se sabe se é lenda ou é fato de fato, conquanto aqui ninguém duvide, e contradição não se revele entre os relatos de uns e de outros que nem testemunhas foram, tanto tempo já passado, mas que nada omitem, contando tudo tintim por tintim. Maria Cachaça, cuja alcunha dispensa explicações e justifica o fétido bafo, como quem a tudo tivesse visto, arregala os olhos miúdos e confirma, atribuindo ao capeta o inusitado. A ciência não explica, nem se sabe se há relação de causa e efeito, mas se diz que aconteceu no dia em que o sol não nasceu, os relógios pararam e que, portanto, não consta do calendário daquele dezembro de 1900, vésperas de um novo século que se anunciava e de cuja ferocidade e desventuras não se podia então prever e é matéria de que aqui não tratarei.

Dia igual nunca houvera e não se sabe de viva alma que tenha tido coragem de pôr os pés além da porta. É bom que se diga que o fenômeno solar, apesar de circunscrito àquele povoado, já foi aceito pela comunidade científica, após exaustivos estudos, entretanto não conclusivos, mas referendado com base em depoimentos de alguns viajantes, que, tendo por lá passado, afiançaram o ocorrido, negando peremptoriamente a hipótese de coletiva alucinação, com o que concordam os peritos em anomalias psicológicas, em vista de que não estavam os forasteiros todos juntos, nem tampouco fora o mesmo o horário das suas chegadas a Poço Fundo, este fim de mundo onde agora me vejo estabelecido por transferência discricionária, imposta por perseguição política, para servir no posto de benefícios local. Vida de funcionário público tem dessas coisas, mas isto é também uma outra história.

Era um grito pavoroso, um grito humano, vindo de todo lugar e de lugar algum, um grito continuado como canto de cigarra e pungente como cio de gata, mas humano na sonoridade. Ecoava nas paredes o grito, único som audível capaz de romper a escuridão. Candeeiros eram inúteis. Velas, fósforo, nenhum lume, como se oxigênio não houvesse para nutrir as chamas. Inúteis também eram as palavras: nenhum som soava, exceto o grito absurdo vindo do nada. Homens, mulheres, crianças, choravam sem ruído, sem soluço, sem lágrimas. As orações, súplicas, arrependimentos, calavam nas almas beatas. É o fim do mundo, o purgatório, estamos mortos. Soube-se depois, quase todos pensaram. Até mesmo os bichos domesticados, os depoimentos relatam, sofreram conseqüências. Os cães, rabo entre as pernas, imóveis sob as camas. Os gatos, estes dormiram todo o tempo, nenhuma novidade. Dos pássaros, nenhum pio, imóveis nos poleiros das gaiolas. Os galos só cantaram quando no dia seguinte raiou a aurora e o sino anunciou a primeira missa do século novo. Nunca antes um culto congregara tanta gente em Poço Fundo, ocasião propícia e bem aproveitada pelo pároco para a conversão dos ateus e coleta de fundos para a reforma do templo. Pintura nova, novo telhado, paramentos limpos e engomados.  

Os primeiros dias passaram, a rotina começava a se restabelecer, outros assuntos ocupando paulatinamente as prosas das comadres, foi quando as mulheres, absolutamente todas as mulheres, mesmo aquelas tidas como estéreis e as virgens, inclusive a carola que servia ao padre, Dona Mocinha, cabaço acima de qualquer suspeita, descobriram-se grávidas. Inconformado e ainda sem saber ser fenômeno coletivo, Amadeu, tio avô de Maria Cachaça, passou a esposa na faca e com ela o fruto do imponderável. A paixão tem seus desatinos. Sorte dele que o júri popular, todos os jurados também vítimas do inusitado, inocentou-o, mas não escapou da loucura, por divina condenação, e, desde então, maltrapilho, viveu perambulando as vilas da comarca. 
Grávidas todas as mulheres, quem irá aparar tantas crianças, se, como é bem possível, nasçam todas no mesmo dia, na mesma hora, tal qual foram concebidas? Nicolau Miranda, o alcaide, imaginando a previsível barafunda, convocou reunião da Câmara Municipal para debater o possível caos. Levar o problema à esfera estadual, pedir ajuda ao Governador, foi a primeira sugestão descartada. Seremos motivo para chacota. Terra de cornos, dirão, e o riso forasteiro será nosso infortúnio. Foi decisão quase unânime, e, dela decorrente, a formação de uma subcomissão parlamentar extraordinária de antipropaganda, destinada a abafar o caso, missão que não se cumpriu a contento, como talvez vejamos adiante, se adiante eu ainda me lembrar do assunto acessório. Tantas outras idéias estapafúrdias descartadas, entre as quais a de um certo Adolfo que ousou propor aborto coletivo, por convencimento ou na porrada, os edis fixaram-se naquela que lhes pareceu a mais simples, sigilosa e eficaz: treinar os homens para o parto das esposas e filhas. As mulheres deliciaram-se: veremos se são mesmo machos, se não irão se desmilingüir ao primeiro sangue.

A primeira defecção veio, como sói de ser, de onde menos se esperava. Despachou o prefeito a primeira-dama, dona Filomena, para a capital. Vais para a casa da tua irmã até o parto. Sou lá eu homem de aparar criança? Melhor que o expila, seja lá o que for que trazes no ventre, em um bom hospital. Aqui ao acessório retorno por propício esclarecer: nem mesmo o ter jurado sobre a Bíblia conseguiu conter a língua de dona Filomena. Também, coitada, como explicar à irmã a extemporânea gravidez, ela que dos sessenta já passara? E como imaginar que a irmã, sangue do seu sangue, carne da sua carne, guardiã, também juramentada, do transcendental segredo, o comentaria com o esposo, seu cunhado, deputado, homem público, que, como se costuma acreditar e verdade deve ser, faz de notícia prestígio, de fagulha braseiro e da palavra empenhada esquecimento?

A noticia ganhou manchete no “A Tribuna do Norte”, se espalhando pelo país e além das nacionais fronteiras. Até do Rio de Janeiro repórteres vieram a Poço Fundo. Apolônio Pitomba, líder da oposição, famoso na região pelos discursos inflamados, retórica empolada, vazia de conteúdo, foi estrepitosamente aplaudido quando pediu o impeachment do prefeito, apontando-o como o responsável direto pelo vazamento da notícia “que, além de tudo, concidadãos, afronta e desmoraliza a nossa comuna, que unanimemente deliberou pelo completo sigilo do nosso desditoso infortúnio. É crime de traição. Crime de lesa-pátria. Crime imperdoável.”. Está nos empoeirados anais da casa, bem como estão os registros dos debates que mobilizaram Poço Fundo nos dias seguintes. Safou-se o prefeito quando o líder da maioria fez ver ao plenário e ao populacho irrequieto, que dona Filomena, não obstante ter sido a primeira, não foi a única prenhe a retirar-se da cidade. Quase todas as que tinham família alhures e alguns contos de réis seguiram-lhe o exemplo. “Inclusive, nobre vereador Apolônio, a sua esposa. Como então, com que direito, com quais provas, acusa-se dona Filomena, escol da nossa sociedade, do deslize que nos acomete?”. Aplausos. Talvez, mas não há certeza, tenha sido a primeira CPI cuja pizza tenha sido assada antes da implantação.

Antes que eu me esqueça e porque creio oportuno que aqui o faça, peço-lhes vênia para registrar minha gratidão a Bartolomeu Borges, o poeta de Poço Fundo, titular da sua Secretaria de Educação e Cultura, guardião da memória escrita da cidade, por me haver franqueado acesso aos arquivos públicos. Insisto, querido editor: este é o local apropriado, não em uma nota ao pé da página ou mesmo na página das dedicatórias que só é lida pelos que lá têm o nome grafado. Aqueles que conhecem o significado da palavra gratidão hão de entender esta breve interrupção.
Afastada a ameaça de cassação do seu mandato, quase todos os homens já instruídos para o procedimento obstetrício, Nicolau Miranda informou ao governador que seria bastante mandar a Poço Fundo uma pequena equipe médica para atender os casos mais complicados.

Enquanto os homens se ocupavam das providências óbvias, do ramerrame, do comensurável, as mulheres conjeturavam o insondável. Lembremos-nos que naquela época a ciência ainda não desenvolvera técnica capaz de predizer qualquer característica de um nascituro. Deus nos livre de parir demônios. Diziam-se, umas às outras, primeiro à boca pequena, depois, movidas pelo medo, boca no mundo, lágrimas nos olhos. De todas esta seria a maior calamidade. Pensou Nicolau quando lhe chegou aos ouvidos o terrível vaticínio e convocou reunião secreta dos mais doutos e íntimos confrades. Não me quiseram ouvir, bradou Adolfo, ouçam-me agora, matemo-los todos. Naquele instante nem o padre José protestou e um profundo silêncio paralisou-os constrangidos. Silêncio rompido por Genésio Brito, o boticário, que com um fio hesitante de voz materializou a dúvida nos demais adormecida: E que cara tem o demônio? Será possível identificá-lo pela aparência? Todos os interrogativos olhares fuzilaram o padre José, apenas ele, somente ele, exclusivamente ele poderia entre todos esclarecer a teológica questão. Terei que recorrer ao bispo diocesano, talvez seja assunto da alçada do Sumo Pontífice. Não sei, nada posso lhes dizer agora, peço-lhes serenidade.

Hoje os imagino, mais de cem anos passados, aptos a quaisquer ânimos, menos à serenidade. Porém, prisioneiros de sentimentos inconciliáveis, resolveram dar ao padre um prazo de dois meses para solucionar o problema. Tempo maior impossível porque outros dois meses seriam necessários para a formação de uma comissão executiva de extermínio que se encarregaria de planejar e coordenar todas as ações necessárias para salvar o mundo das hostes demoníacas. Das mulheres os buchos avolumavam.

Foram dias terríveis aqueles de dúvida, e outras questões os sobressaltavam: Deveriam trazer de volta as esposas e filhas que mandaram parir em outras cidades? Assunto de tamanha gravidade poderia ser decidido na província? E se mais uma vez a notícia vazasse, como lidar com a opinião pública, com as autoridades judiciárias, com a imprensa? As mulheres aceitariam ver mortos os filhos, sobretudo se aparentemente normais? O diário do prefeito é talvez o documento mais angustiante escrito em toda a história da humanidade, mas demonstra quão ladino pode ser um homem público: “Estou decidido, não vou segurar sozinho a batata quente. Amanhã chamarei o Pitomba para conversar a sós e oferecerei ao salafrário a presidência executiva da comissão municipal de extermínio. Se ao cabo tudo correr a contento ele tentará capitalizar para si o sucesso do empreendimento, mas pior será se tudo isto der em merda e eu não tiver a quem atribuir a desgraça.”. E, anotado na noite seguinte: “O Pitomba caiu como um patinho. É tão estúpido que me pediu para mandar à câmara mensagem propondo a criação de uma secretaria extraordinária para assuntos extraordinários, para a qual o nomearei titular . Amanhã segue a mensagem que será aprovada por aclamação”.

Em metade do tempo que lhe fora concedido, o padre José trouxe a resposta da Igreja, comunicada a todas as autoridades de Poço Fundo, em reunião que se pretendia secreta, realizada no salão nobre da Câmara Municipal. Infelizmente não é possível, senhores, reconhecer Satanás por sua aparência. O nosso bispo foi enfático e me pediu que os lembrasse que Lúcifer foi o primeiro dos querubins, que permanecia na presença do grande Criador, e os incessantes raios de glória que cercavam o eterno Deus, repousavam sobre ele. Recomendou-me também que lhes lesse Ezequiel 28:12 a 15: “Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; toda a pedra preciosa era a tua cobertura… Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.”. Os senhores entenderam? Está suficientemente claro?

Matemos-os. Matemos-os todos. Era a voz tonitruante de Adolfo rompendo o silêncio sepulcral que se estabelecera e ecoando entre os santos da nave, arrancando entusiasmados aplausos de uns e discretos apupos de outros.

Acalmem-se, senhores. Ouviu-se peremptório o vozeirão de Apolônio Pitomba, investido da autoridade do pomposo cargo de Secretário Extraordinário Para Assuntos Extraordinário. Deixemos que o padre José conclua a sua douta alocução.

Obrigado Dr. Apolônio. Retomou a palavra o pároco. Não, Sr. Adolfo, não é tão simples assim. Primeiro porque não poderíamos tomar medida tão radical sem certeza absoluta, depois, e mais importante, porque a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana já não é aquela da Inquisição. Somente a Deus, Sr. Adolfo, é dado o poder de vida e de morte. Se Deus, onipotente, onisciente e onipresente permitiu a Lúcifer o Reino das Trevas, não o exterminou simplesmente, ele tinha os seus motivos. São insondáveis os desígnios divinos, Sr. Adolfo. Da mesma forma devemos considerar os acontecimentos que nos têm inquietado.

Um fio anônimo de voz interrogou: - E não faremos nada?

Contudo, senhores, a Igreja não lavará as mãos como Pilatos. O bispo comprometeu-se a arregimentar centenas, milhares de padres que virão acompanhar os partos e batizar as crianças no exato momento em que nascerem. A prefeitura recenseara todas as grávidas e se incumbirá de providenciar uma barrica para cada, de modo que os padres possam mergulhar as crianças em água previamente benta.

Aqui preciso interromper o diálogo para lhes dizer que imagino o brilho no olhar de Apolônio Pitomba, o titular da SEPAE − Secretaria Extraordinária Para Assuntos Extraordinários, pois, enfim, sua entidade teria uma tarefa a cumprir e, mais importante, motivo relevante para solicitar uma boa suplementação orçamentária, afinal, além das barricas, pensou, será necessário acomodar e nutrir toda a leva de sacerdotes, além de jornalistas e outros curiosos. Não posso provar, nada há documentado, mas é de se supor que tenha rolado uma boa comissão de toda esta dinheirama. Os valores eram vultosos, o município pobre, socorreu-o o governo do estado em cujo ralo uma parte deve ter escoado, mas isto é um mero, corriqueiro e insignificante detalhe que não vem ao caso.

Agora ouço a voz de Adolfo exultando: Isto sim, isto sim, nós os afogaremos.

- Pelo amor de Deus, Sr. Adolfo. Não os afogaremos, será apenas um batizado coletivo, se alguns morrerem será por desígnio divino e não por nossas mãos. Retrucou o padre José.

Não vou encher lingüiça, nem as suas paciências, relatando pormenorizadamente os insignificantes eventos que transcorreram nos meses seguintes até aquele que ficou conhecido como “O dia do parto”.

Naquele dia Poço Fundo foi o assunto de todas as manchetes nacionais e precariamente abrigava trinta vezes mais almas do que a sua população. Eram tantos padres quantos os há no Vaticano e de tantas nacionalidades quantas há na ONU. Tantos jornalistas quanto havia jornais. Os maiores contingentes, porém, eram os formados por malucos, místicos, profetas, camelôs e punguistas.

Apolônio Pitomba, coitado, não dava conta de atender a tanta demanda. Meses de planejamento mostraram-se inúteis. Nas suas anotações lê-se que esperava que a população dobrasse naqueles dias e, homem prevenido e ganancioso, encomendara suprimento para o dobro do dobro, não somente para engordar a comissão, como também para apropriar-se das sobras, suponho. Um fulminante infarto do miocárdio viria a calhar para eliminar desta história um personagem tão desagradável, mas esta é uma estranha história na qual até agora só se registra um único óbito e se aguardam milhares de nascimentos. Apolônio era do tipo que transformava crises em oportunidades. Com público estardalhaço renunciou ao cargo acusando o prefeito de não lhe ter dado apoio suficiente e deixando subliminarmente entender que a máxima autoridade municipal desviara considerável soma dos recursos enviada pelo Estado ao município. Só não transcrevo aqui as anotações do diário do prefeito Nicolau Miranda alusivas ao fato porque não quero que o meu relato fira suscetibilidades e vá para o índex dos moralistas de plantão.

Batata quente nas mãos, Nicolau decidiu que era melhor ir acompanhar o parto de Dona Filomena e deixou acéfala a cidade. Mas com tantas novas cabecinhas prontas para apontar, não fazia, nem fez, como mais adiante se verá, nenhuma diferença. O caos estava formado, não havia mais nada que se pudesse fazer. Não havia comida para todos. O problema da água se agravou com a necessidade de encherem-se milhares de barricas e porque o povaréu emporcalhou a nascente do riacho com urina e fezes, na falta de lugar decente para cumprir as fisiológicas necessidades. Não havia um centímetro quadrado disponível sob qualquer teto para acomodar mais gente, e gente não parava de chegar.

Quem é do sertão sabe que não há coisa pior que a falta d’água. Nestas ocasiões é como se diz na roça: “filho chora e mãe não ouve”. Sendo assim deu-se o inevitável: o povaréu sedento e desesperado apoderou-se das barricas de água benta. Entre a água de benzer e a água de beber “quem há de negar que esta lhe é superior?”. Revelou-se, assim, também inútil o planejamento episcopal para o monumental batismo, quiçá afogamento, como desejava o Adolfo.

“De repente, não mais que de repente” “a cidade quedou paralisada”. Sem qualquer anúncio caiu sobre Poço Fundo um silêncio de sepulcro e fez-se noite ao meio-dia. Dia igual houvera apenas aquele, nove meses atrás, e o fenômeno in-solar testemunhas a dar de pau, conquanto, mais uma vez, a ciência não tenha sido capaz de uma explicação plausível. E, vindo de todo lugar e de lugar nenhum, ecoou um grito pavoroso, um grito continuado como canto de cigarra e pungente como cio de gata, mas humano na sonoridade. Ecoava nas paredes o grito, único som audível capaz de romper a escuridão. Candeeiros eram inúteis. Velas, fósforo, nenhum lume, como se oxigênio não houvesse para nutrir as chamas. Inúteis eram as palavras, nenhum som soava, exceto o grito absurdo vindo do nada. Homens, mulheres, crianças, choravam sem ruído, sem soluço, sem lágrimas. As orações, súplicas, arrependimentos, calavam nas almas beatas. É o fim do mundo, o purgatório, estamos mortos. Soube-se depois, quase todos pensaram. Até mesmo os bichos domesticados, os depoimentos relatam, sofreram conseqüências. Os cães, rabo entre as pernas, imóveis sob as camas. Os gatos, estes dormiram todo o tempo, nenhuma novidade. Dos pássaros, nenhum pio, imóveis nos poleiros das gaiolas.

Encerrado o encantamento as mulheres descobriram-se ocas, tal qual esta história dos que foram sem terem sido.



Fred Matos

8 comentários:

Anônimo disse...

fred:
passei por aqui e registro.
um abraço.
romério

Fred Matos disse...

Obrigado, Romério, pela visita e pelo registro.
Abraços

Anônimo disse...

Excelente, Fred!

Fred Matos disse...

Obrigado, Camila.
Beijos

Nuno Dempster disse...

Sabe bem à prosa que li na juventude das estantes de meu pai, onde havia todos os grandes ficcionistas que o Brasil tem e de que ele era fã de carteirinha, como aí se diz. Ambiente inconfundível. Um abraço.

Fred Matos disse...

Abração, Nuno.
Contente com a sua visita, leitura e comentário.

Maurício disse...

Uma dica: quando tiver que publicar textos grandes como este, faça em capítulos para facilitar a leitura. Mas li e gostei.

Fred Matos disse...

Ô, Maurício. Desculpe-me, somente agora estou vendo este seu comentário. Eu também sinto dificuldade para ler textos grandes no écran e somente por isso ainda não publiquei os contos mais longos. Pensei em publicar em capítulos, penso ainda.
Obrigado pela visita, leitura, comentário e dica.
Abraços

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