Foto: Fred Matos
sou o parvo que lavra palavras
como sementes em solo estéril.
a vida que levo é um escárnio:
não há quem me leve a sério.
mitigo na alma a tristeza atávica
que levou meu pai ao cemitério.
para iludir a fatalidade, inscrita
nos cromossomos que herdei,
faço mistério dos sentimentos
e com o âmago esfarrapado
da dissimulação faço a lei.
mas, quando cai a madrugada,
me entrego às fantasias
para cumprir a minha sina
e -anônimo - em versos pálidos
revelo os anseios e taras
de uma alma caftina.
Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999
10 comentários:
Belíssimo poema, Fred.
Dá para sentir a intensidade dos sentimentos nesse manancial, expressivamente, poético.
= Belo. Parabéns!
Mas, mudando de assunto... tem um texto seu lá pelo Novidades & Velharias... Espero que aprecie a matéria.
Abraços, Poeta!
H.F.
Lindo poema.Saiu de dentro de sua alma. Parabéns!
Obrigada por acompanhar A Romancista. O livro só cumpre seu objetivo quando cria asas conquistando novas mentes e corações.
Volte sempre, você é muito bem-vindo!
Beijos.
Singamaraja reading your blogs
Herília,
Colo aqui o mesmo comentário que deixei no "Novidades & Velharias"
Você me colocou entre feras, Hercília.
O Lau é um velho amigo do qual sou fã desde criancinha
O Marcelo faz pouco tempo que conheço, mas tenho lido “O lugar que importa”e gosto muito.
O Cisco estou conhecendo graças a você (e fico devendo esse): fui ao blog dele, é cobra criada.
Sendo assim, só me resta agradecer.
Beijo
Abraços
Seu romance é muito interessante, Custódia.
Quanto ao meu poema, saiu muito mais da imaginação do que da minha alma, pois evito me colocar nos poemas. Se isso ocorre é inconscientemente e, portanto, assunto para a psiquiatria.
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Volte sempre.
Beijos
Obrigado, Singamaraja.
Beijos.
da definição do poeta?... ;)
Não, ma grande folle de soeur, as pessoas, poeta incluídos, são indefiníveis. Não creio que nenhum poema seja capaz de definir um poeta. Há poemas nos quais se pode recolher pequenos fragmentos que colados a outros milhares de pequenos fragmentos podem parecer mapear a psique do poeta, mas quais fragmentos recolher? Quais desprezar? Qual palavra está em um poema porque num “ato falho” escapou à censura do poeta? Qual está porque reverberava melhor com uma outra e se impôs ao poema? São questões complexas para mim. Eu não me arriscarei jamais a me definir porque aquele que começou a escrever esta resposta já não é o mesmo que a conclui.
Beijo
no momento da criação sou desigualdade.
breve caos em crescendo,
nascido das raízes do tempo.
e pelos sulcos da terra,
solto cristalinos em verbo.
há codigos que se sucedem.
automaticamente espontâneos!
como se a ilusão não o fosse.
mas em mim também é o livre-arbítrio!
e pelas palavras aro,
as abóbadas azuis da noite,
pintando as eras do desejo.
Fred,
excelente poema!
Obrigado, Vicente.
Também pelo poema.
Abração
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