terça-feira, maio 12

bloomsday


não sei quem é o autor deste retrato de Joyce


enquanto em Dublin os rins de Joyce
eram servidos no Bloomsday
meu fígado estava sendo consumido
em ordinário prato de flandres

não vale a pena ir adiante
quando se crê o mundo perdido
na cega idolatria que eu sei
e não me será imposta a coices

na sobremesa uma fatia de doce
no jantar um novo Decreto-Lei
será inevitavelmente digerido

à noite uma leitura narcotizante
depois o nó górdio de Alexandre
e o oriente ao ocidente submetido

não preciso que se entenda o que digo
nem saber se a estupidez se expande
nas fronteiras além do meu umbigo

ah! aqui faz um belo domingo
somente isto deveria ser importante
não a lembrança de um junho antigo

que, contudo, não me saí da cabeça
porque meu fígado foi digerido
no balcão de um pub irlandês:

Leopold Bloom estava bêbado
e berrava para que todos ouvissem:
“ah! como é gostoso o meu Ulisses”

quando acabou o estoque de uísque
bebeu o meu sangue numa taça
e no meio do disse-que-disse
ainda queria que eu sorrisse

mas não me tirou a mordaça


Fred Matos

13 comentários:

Ava disse...

Fred, um poema forte como um bom Irlandês!...rsrs

Sou captar e essência desse povo...


beijos
!

Unknown disse...

delirei tb...

conseguiu baixar?


bijok

Fred Matos disse...

Agradeço-lhe, Avassaladora, pela visita, leitura e comentário.

Beijos

Fred Matos disse...

Consegui, Malmal.
Obrigado.
Agora estou tentando descobrir como fazer para transformar do formato Real Player para algum que eu possa gravar em DVD.
Beijocas

A garota do copo d'gua disse...

uma denuncia metafórica maravilhosa, com poucos sabem concretizar!
boa semana fred

=*

Fred Matos disse...

Obrigado, garota.
Espero que a semana seja boa, sim, mas está chovendo além da conta por aqui.
Beijos

Adriana Godoy disse...

Poemaço, Fred. Dá gosto ler. Adoro essas incursões literárias e gastronômicas. Beijo.

Fred Matos disse...

Obrigado, Adriana.
Fico contente por você gostar.
Beijos

Universo Cidade disse...

não vale a pena ir adiante
quando se crê o mundo perdido
mas devemos acreditar em bem mais do que apenas um mundo perdido!

Universo Cidade disse...

quando acabou o estoque de uísque
bebeu o meu sangue numa taça
e no meio do disse-que-disse
ainda queria que eu sorrisse

mas não me tirou a mordaça


eu tou anesresiada com isso... p mim significou mt ...e todos esses bom carrascos que nos tiram tudo e ainda esperam risos...eu n vou rir , nem q tirem a mordaça

Fred Matos disse...

"e todos esses bom carrascos que nos tiram tudo e ainda esperam risos...eu n vou rir , nem q tirem a mordaça"
Não é mesmo caso para rir, Dine, apesar de que, às vezes, o sorriso possa ferir o carrasco, porque pode ser uma demonstração de força.

Agradeço-lhe a visita, leitura e comentários.

Beijos

Beatriz disse...

Em geral fico à vontade diante de um poemão assim como leio jyce. adolesço eternamente e puxo os cabelos. E gosto

Fred Matos disse...

Agradeço-lhe, Compulsão a visita, leitura e comentário.
Beijos

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