quarta-feira, maio 6

máscara


não sei quem é o autor da ilustração


ainda que útil
mesmo que bela
tirei a máscara
que pus por ela
e que por hábito
virou feição

restou porém
um rosto feio
de ricto triste
e de permeio
olhos vermelhos
secos de mar

tamanha afronta
não se perdoa

- por mais que doa
(ela me exige)
“a cara alegre
volte a usar"



Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999

19 comentários:

Unknown disse...

Ah como entendo isto!

Belo e real poema, Fred!

Parabéns, amigo!

Beijos

Mirse

Fernanda Magalhães disse...

Não se perdoa e nem deve perdoa!!!


Um abraço querido.

Postei hoje sobre um farsa.

Bruna Mitrano disse...

"por mais que doa"...será que vale a pena?

Fred, tenho lido teus poemas, não sumi não, é que já não sei mais como elogiar, você sabe que sou sua fã.

Anônimo disse...

humm gostei da real sutileza do ser humano.

bjosss...

hfm disse...

Quando encontramos o caminho no labirinto. Belíssimo, Fred.

A garota do copo d'gua disse...

a água é potével,daqui você pode beber! :)

belo texto fred, como sempre.
beijos amelisticos!
:*

Fred Matos disse...

Mirse,
Quase sempre o maior problema decorre de não sabermos mais o que é máscara e o que é a nossa face verdadeira, já que o processo de transformação do indivíduo em personagem social começa antes mesmo de nascermos: quando somos "idealizados" pelos pais e nos é dado um nome...
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

E, ao cabo, Fernanda, descobre-se que é impossível despir a máscara, porque não é uma apenas. Camadas de máscaras sobrepostas formam-nos, queiramos ou não.
Obrigado.
Mais tarde passo para ver seu post.
Beijo

Fred Matos disse...

Agradeço-lhe, Geanina.
Beijos

Fred Matos disse...

Bruna,
Eu não vou citar Fernando Pessoa, pois, mesmo com a alma imensa, não creio que tudo valha a pena.
Porém, com dor ou não, talvez valha a pena tentar tirar todas as máscaras, mesmo se o resultado for descobrir que há sempre uma outra máscara sob aquela retirada.
E, pensando aqui agora, talvez apenas os absolutamente loucos sejam capazes de chegar à total nudez.
Fico contente que me visite e leia, mesmo quando passe em silêncio.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

E eu gostei que você tenha vindo, lido e comentado, Nanda.
Beijos

Fred Matos disse...

O que não podemos jamais e deixar de procurar a saída, não é mesmo, Helena. "Navegar é preciso".
Obrigado, querida.
Beijos

Fred Matos disse...

Eu que agradeço, Garota
Beijos

Batom e poesias disse...

É engraçado ler teus poemas e depois tuas postagens.

Elas parecem querer desmontar o teu poeta...
Tamanha afronta!

Lindo poema
bjs
Rossana

Anônimo disse...

O pior é quando insiste em ficar com a mascara já desmascarada.

Bjs/amor, p vc eu não tenho mascara.

Lick

Fred Matos disse...

Rossana, de certa forma os comentários desmontam o poema, sim. Não se trata de explicá-los, porque poesia é coisa inexplicável que não se esgota naquilo que alguns gostam de nomear “mensagem”, mas, em alguns casos, esta desmontagem nos meus comentários é uma reflexão, sempre a posteriori, acerca de toques que o poema dá e que, muitas vezes, não são conseqüência de uma vontade consciente quando da sua confecção.

Fred Matos disse...

Lick, meu amor.

Eu sei que você me ama – tanto quanto eu a amo – e que acredita mesmo que não tem máscaras para mim. Mas isso é uma impossibilidade. Todas as ações humanas são conseqüências do indivíduo social que nos tornamos, desde o berço, até a morte.

Não faça, e entenda que eu não estou fazendo, nenhum juízo de valor. Trata-se apenas de uma constatação. Mesmo sem consciência disso, todos temos máscaras inclusive para nós mesmos. Como você sabe, eu não estudei psicologia, nem nada parecido, e as minhas opiniões são apenas fruto da observação, de intuição e de muita reflexão e, portanto, posso estar errado, mas creio que não.

Quando escolheram um nome pra você já lhe colocaram uma máscara, e sendo este nome uma homenagem à sua avó, incutiram-lhe desde a mais tenra idade atributos que assemelhassem você a ela. Cada pessoa que passou na sua vida, em maior ou menor proporção, contribuiu para moldar suas máscaras (assim mesmo, no plural, porque ninguém tem uma só).

Até mesmo o país que você nasceu, o ambiente sócio-econômico e, sobretudo, o idioma, são ingredientes formadores das máscaras sociais.

A linguagem é uma máscara.

Símbolos são máscaras e não vivemos sem símbolos.

Talvez nem mesmo os absolutamente alienados estejam completamente nus.

Para completar é bom que se diga que ninguém seria capaz de suportar uma pessoa que não usasse máscaras: na melhor das hipóteses seria uma fera pronta a nos devorar. Não seria um ser humano.

Beijos amorosos e imensos.

nina rizzi disse...

não sei porquê, por que será
: mas só assim ela me quer
meias-verdades listradas
de vaidade.

"não soube tirar a máscara
e quandou quis estava pegada à cara" (meu poema prefequerido. eu o-cito! :p).

eu me contentava, e como, em poder ser eu mesma...

boníssimo :) beijo.

Fred Matos disse...

"eu me contentava, e como, em poder ser eu mesma..."
amiúde nem mesmo podemos ser, se não quem somos, quem pensamos ser.

Obrigado, Nina.

Beijos

pesquisar nas horas e horas e meias