quarta-feira, novembro 4

tudo o que quero é rimar



ilustração: Francesca Woodman


marazul luzamar
não quero que se me entenda
tudo o que quero é rimar

se a rima não lhe agrada
não a fiz pra lhe agradar
ela é a troco de nada

este meu nada é profundo
não quero que se me entenda
quem pode entender o mundo?



Fred Matos

16 comentários:

myra disse...

...e voce tem razao! toda a razao!!!
sempre tao bom e lindo, bjs

BAR DO BARDO disse...

... gostei das rimas!

Fred Matos disse...

Bondade sua que agradeço comovido, Myra.
Beijos

Fred Matos disse...

Gosto de rimar, Henrique, principalmente com rimas pobres, e mesmo quando elas são o único motivo delas próprias (risos).
Abração

Úrsula Avner disse...

Caro poeta, bonitos e profundos versos. Só a poesia pode nos resgatar do nada... Um abraço.

O Neto do Herculano disse...

Rimar é uma arte, acho que até é para poucos, mas hoje em dia confundem rimar com empobrecer, que poeta não é MC, tolices de academias que não têm serventia.

Anônimo disse...

rá! e você conseguiu.
não só rimar, mas remar num mar denso de rimas estrelares!

adorável, querido poeta, adorável!

um abracinho apertado

Anônimo disse...

olá fred!

obrigada pela visita e pelas palavras daqui e de lá,

beijos grandes

Fred Matos disse...

Ou nos levar ao nada paradoxalmente denso, Úrsula.
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Beijos

dade amorim disse...

Cheio de música e graça, valeu rimar, Fred.
Beijo pra você.

Fred Matos disse...

Espero que você possa me perdoar, Herculano, por minha absoluta ignorância quanto a quem é o “MC” citado no seu comentário, mas, seja lá quem for, perdoe-me também por defender o direito que ele tem, como tem qualquer outra pessoa, de escrever o que lhe der na telha, ainda que eu não goste, ainda que com os meus botões eu não considere bom, sequer razoável.

Deve-se isso ao fato de que eu muitas vezes quebrei a minha cara por tomar o meu gosto pessoal, ou o gosto da minha geração, ou o gosto da minha tribo, como padrão de qualidade.

Lembro-me bem – eu era adolescente, então – quando aconteceram os festivais de música da TV Record e eu não gostei “de cara” das músicas dos tropicalistas, porque “o meu gosto” da época estava condicionado a não aceitar aquelas guitarras, aqueles sons “desarmônicos”. Saudei vivamente “Disparada” de Geraldo Vandré e “A Banda” de Chico, porque estavam melodicamente mais próximas das músicas que ouvíamos lá em casa: Dalva de Oliveira, Agostinho dos Santos, Maysa, Elizeth Cardoso etc... Não levou muito tempo para que eu me acostumasse com o novo som e logo me tornei fã de Caetano, Gil, Tom Zé...

A comparação pode lhe parecer absurda, mas asseguro-lhe que não é.

No seu ABC da Literatura, Ezra Pound diz que: “Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível”. Creio que é uma boa definição, e aceitando isso poderíamos erroneamente acreditar que nem literatura é um texto cujo significado eu não alcanço. Assim, eu poderia dizer que não é sequer literatura um soneto de Shakespeare, em inglês, já que não leio em inglês.

Obviamente estou radicalizando, porque radicalizando me parece mais fácil de explicar o meu ponto de vista: se eu não compreendo a linguagem (o idioma, o ritmo, qualquer outro signo na qual se expresse) não estarei em condições de julgar o seu significado, e, não estando em condições de julgar o seu significado, não estou também em condições de julgar se é ou não literatura e, em sendo, se é, ou não, boa literatura.

Ocorre-me também à lembrança Fernando Pessoa que. em “Palavras de Pórtico”, diz que (cito de memória e, portanto, não é exatamente assim que está escrito): para a interpretação dos símbolos (da poesia, no caso) são necessários ao interprete alguns atributos: simpatia, intuição, inteligência, compreensão e iluminação superior. Há muita coisa por aí com a qual não simpatizo, apesar de compreender a linguagem e entender o significado, mas, se não simpatizo, deixo de ter um dos atributos para analisar.

Agradeço-lhe a visita, leitura, comentário e a oportunidade desta reflexão.

Volte sempre.

Grande abraço

Fred Matos disse...

Obrigado, Iza, deixa-me contente que você goste.
Beijos

Fred Matos disse...

Estava com saudades, Camila: milhões de anos sem vir nas horas e horas e meias.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

Sorrindo de orelha a outra pela sua visita, Adelaide.
Obrigado.
Beijos

Isha Shiri disse...

Gosto de quem escreve poemas.

Acho que os poetas adoçam a vida quando ela é ruim com palavras, e o fazem também amargando a vida quando ela é feliz para não esquecermos que a vida é feita também de horas amargas!

Beijos

Fred Matos disse...

Isha,
Agradeço-lhe a visita, leitura, comentário e por passar a acompanhar o blog.
Ótimo fim de semana.
Beijos

pesquisar nas horas e horas e meias