o que penso ser e o que pareço,
sou o aflito que disfarço.
Minha vida foi perdida. Padeço
da covardia, atávica e mórbida
dos que se amoldam ao contexto.
Minha alma foi fraudada. Ardo
de anseios postergados. Tardo
em dar cabo aos meus medos.
Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999
36 comentários:
Depressivo e belo, grande contraste!
Agradeço-lhe pela leitura e comentário, Rosangela.
Beijos
Maravilhosa reflexão.
Alguns medos nos acompanham a vida toda.
Erros não devem pesar em nosos ombros, nos basta apaga-los e refaze-los. E seguir pensando em covardia, não acredito nela.os covardes não vivem, ao menos não permanecem vivos.
bjos achocolatados
Maravilha, Fred!
Como é distante a linha entre o sentir e o fazer. Para dar o segundo passo, é preciso estar livre, e sem ninguém pela frente!
Fantástico!
Beijos
Mirze.
WAW! Com-fissão! Sinto, traço e faço minhas suas palavras... :) Belíssimo, Fred!
um quase auto-retrato do VG?..
Fred, teu poema é um retrato de tantos de nós, amoldados, perdidos na identidade e adiando o dia do encontro desses fragmentos que somos. Mas você o disse como tãopoucos conseguiríamos dizer. Infelizmente o tempo não é tão largo, mas venho aqui e constato a excelente qualidade dos seus versos, sempre.
Abraços,
muy bonito.
Oi Fred,
Forte, belo, intenso , marcante... Poesia de alta qualidade e que emociona. Um abraço,
Úrsula
"Mata-te, se te queres matar, pois se eu ousa-se matar-me também me mataria" Ricardo Reis.
Belo.
Beijos,
Ry.
Se eu fosse escolher uma tela para o seu poema, seria Van Gogh. Se eu fosse fazer uma seleção de poemas em que me vejo, esse seu estaria nela.
Beijo.
aqui estou mesmo se vc. nunca vai me ver:))) mas voce tem um talento que eu obvio, para escrever nao tenho!!!belissimo poema e otimo escolha da pintura ! retrato de muitas pessoas...como eu, por exemplo...
beijao!
Versos "depressivos" tornam-se assim, amenos, quando denotam tanta consciência...
Um abraço, Fred
Moni
"os covardes não vivem, ao menos não permanecem vivos"
Sandra,
Considerando metaforicamente a expressão “vida”, você tem razão, mas apenas nesta condição, visto que a covardia é que é o normal, o natural da raça humana. O destemor é que é uma condição de exceção. Não conheço estudos científicos que corroborem ou que neguem, mas a minha intuição diz que os covardes vivem mais tempo e se não sofrem do sentirem-se covardes, vivem mais serenamente que os corajosos.
Grato pelo comentário.
Beijos
"Como é distante a linha entre o sentir e o fazer"
Cabem muitos universos e versos entre elas, Mirze.
Grato pelo comentário.
Beijos
Obrigado, Francisco.
Grande abraço
"um quase auto-retrato do VG?"
Conheço razoavelmente a história da vida de Van Gogh, Lucilia, mas não o suficiente para afirmar isso. Considerando-se, contudo, que não alcançou em vida ínfima parte do que merecia como artista é possível que sim, que se sentisse assim. Interessante a sua pergunta, porque pensei imediatamente em Van Gogh para ilustrar este poema, mas sem fazer esta conexão que talvez exista no meu inconsciente.
Agradeço-lhe pelo comentário.
Beijos
"um retrato de tantos de nós, amoldados, perdidos na identidade e adiando o dia do encontro desses fragmentos que somos..."
Eu não diria de outra maneira.
Agradeço-lhe, Tânia, por dizê-lo.
Beijos
Grato, Jordim.
Grande abraço
Agradeço-lhe comovido, Úrsula.
Beijos
Obrigado, Ry.
Contente com a sua presença e comentário.
Beijos
"Se eu fosse fazer uma seleção de poemas em que me vejo, esse seu estaria nela."
Lara,
É preciso muita auto-honestidade para dizer isso, por outro lado, este reconhecimento é mais de meio caminho andado para que você consiga superar as aflições.
Agradeço-lhe por vir e comentar.
Beijos
Myra,
Tenha certeza que não há nenhum outro blog que eu visite mais que o seu, exceto o meu. Não é desapreço, é que tenho tido muito pouco tempo livre no trabalho. Nem tempo para escrever eu tenho tido. Até para responder aos comentários eu tenho demorado, apesar de espaçar o tempo entre as vinculações. Infelizmente ainda preciso trabalhar muito para sobreviver.
Agradeço-lhe por vir, pelo comentário, pela amizade.
Beijos
"Versos depressivos"
Pois é, Moni. Às vezes um sentimento ou a constatação de uma condição com aparência depressiva é apenas e tão somente a análise fria de uma condição humana que só assume a característica de depressão que o indivíduo sentir-se desconfortável com a referida condição e, sentindo-se assim, sinta-se, concomitantemente impotente para superá-la.
Agradeço-lhe por vir e comentar.
Beijos
querido Fred, tus palabras sentidas reflejan un estado por el que casi todos pasamos y vivenciamos alguna vez...
un abrazo fuerte.
"tus palabras sentidas reflejan un estado por el que casi todos pasamos y vivenciamos alguna vez..."
Eu creio que sim, Patricia, e agradeço-lhe por vir e comentar.
Beijos
Poeta,
certos traços de mim apenas o meu interior reconhece...exceto quando o eu-lírico dos meus versos camaleonicamente as vezes expressam...
Teu poema fala disso...daquilo que cuidadosamente guardamos, mas que na honestidade dos nossos versos, deixamos fluir...
Belo poema!
Genny
Fred
Seu "Eu lírico" é irmão gêmeo do meu "eu mesmo".
;D
Eu queria ter escrito esse poema, de tanto que me identifiquei nele.
Bjs, querido
Rossana
É natural. Um beijo...
Sempre a tempo de recomeçar.
bjd
Insana
É sim, Enigma.
Grato pelo comentário.
Beijos
Sempre há tempo, até o último suspiro, Insana.
Grato pelo comentário.
Beijos
Poema extremamente tocante, expressivo, belo e triste como a imagem...beijo
Na vida há os que admitem temer, e os que não admitem.
Abraço.
Agradeço-lhe por vir e comentar, Adriana.
Beijos
É verdade, Lara, e não há, entretanto, quem não tenha temores, sábio é saber conviver com eles, se não é possível vencê-los todos.
Beijos
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