“...nunca sabia ao certo como deveria responder a alguém, se seu interlocutor queria rir ou estava sério. E, ao acaso, ele acrescentava a todas as suas expressões fisionômicas o oferecimento de um sorriso condicional e provisório cuja finura expectante o desculparia da censura de ingenuidade, se as palavras que lhe dirigiam fossem de fato espirituosas. Porém como tinha de enfrentar a hipótese oposta, nunca deixava o sorriso se afirmar nitidamente no rosto, onde se via flutuar perpetuamente uma incerteza em que se lia a pergunta que não tinha coragem de fazer: “O senhor fala isto a sério?””.
Marcel Proust
Em “No Caminho de Swann”
Nenhum comentário:
Postar um comentário