Foto: Fred Matos
o que há de ser é chuva
é água lambendo a terra
é lama vedando caminhos
é limo na pedra molhada
na vidraça embaçada
camila é uma sombra
não sonha com olhos de ver
cansada de tudo já não tem frio
a última lágrima faz muito secou
ainda na boca o travo do vinho
camila não pensa o passado
azulcíssimo o olhar perdido vazio
não sabe das mãos
inventando outros caminhos
tecendo um invisível fio
de uma meada não coisa
tornada aqui em peixe
em pássaros que não voam
flores eternamente viçosas
mares impossíveis céus
inolvidáveis auroras
mãos ágeis automáticas
mãos crispadas máquinas
mãos autônomas exatas
tecendo sóis olhos azuis
tecendo escarlate relva
imaculada vidraça tecendo
onde camila criança sorri
quando a chuva cessar
quando os grãos germinarem
quando brotarem gerânios
nas floreiras da sua janela
é água lambendo a terra
é lama vedando caminhos
é limo na pedra molhada
na vidraça embaçada
camila é uma sombra
não sonha com olhos de ver
cansada de tudo já não tem frio
a última lágrima faz muito secou
ainda na boca o travo do vinho
camila não pensa o passado
azulcíssimo o olhar perdido vazio
não sabe das mãos
inventando outros caminhos
tecendo um invisível fio
de uma meada não coisa
tornada aqui em peixe
em pássaros que não voam
flores eternamente viçosas
mares impossíveis céus
inolvidáveis auroras
mãos ágeis automáticas
mãos crispadas máquinas
mãos autônomas exatas
tecendo sóis olhos azuis
tecendo escarlate relva
imaculada vidraça tecendo
onde camila criança sorri
quando a chuva cessar
quando os grãos germinarem
quando brotarem gerânios
nas floreiras da sua janela
trarei pão e promessas
trarei lume e alento
trarei os sonhos que roubei
trarei lume e alento
trarei os sonhos que roubei
as mãos máquinas cansadas
serão mãos para carinhos
enquanto durem os suprimentos
enquanto o inverno não venha
enquanto nossos exaustos corpos
não se amoldarem à terra
e aos astros nossos olhos.
serão mãos para carinhos
enquanto durem os suprimentos
enquanto o inverno não venha
enquanto nossos exaustos corpos
não se amoldarem à terra
e aos astros nossos olhos.
Fred Matos
2 comentários:
Apesar da imagem um tanto batida das mãos ágeis que são máquinas, gostei deste poema.
Abraços
Maurício
Agradeço a visita, leitura e comentário, Maurício, reconhecendo que você tem razão: é uma imagem já usada, mas me pareceu a mais exata no contexto do poema.
Grande abraço.
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