ilustração: Letícia Sabatella
em Memorial do Convento
adequada pra qualquer ocasião,
teci, fio a fio, essa mortalha,
moldada para ocultar a falha
onde medra a dor da solidão.
encoberto, dos pés à cabeça,
pus na cara um sorriso alegre,
onde da alma nada se revele,
e do íntimo nada se esclareça.
uma a uma, maquiando cicatrizes,
passo os dias, um a um, atarefado,
ensaiando gestos ajustados
à pantomima vácua dos felizes.
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999
2 comentários:
ol� fred - primeiro para agradecer-te a visita ao meu blog -segundo pra te dizer que este teu rico espa�o me agrada!
mortalha transportou-me a versos antigos:
est�ril
l�ria porto
a sua fonte secou
ela pede um copo d'�gua
n�o h� um pingo de orvalho
vida poeira essa vida
n�o h� flores no jardim
suas palavras murcharam-se
enrugou-se-lhe a alma
o riso se evaporou
plantara tanta ilus�o
os sonhos se desfolharam
j� chorou todas as l�grimas
pobre seus olhos ardem
reclama um pouco de tudo
e s� lhe resta a mortalha
embrulhada no cantinho
da prateleira do nada
*
grande abra�o!
Líria,
Seu espaço é riquíssimo e também a sua poesia. Sinto-me, portanto, honrado pela sua visita, pela sua leitura e, sobretudo, pelo seu comentário e poema.
Beijos.
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