Foto: Fred Matos
gordo como um deus supérfluo
eu bebia cerveja ao ar livre
escrevendo versos à vacuidade
... não procuramos nem fim nem verdade,
mas apenas diversão e espairecimento"
Franz Kafka
gordo como um deus supérfluo
eu bebia cerveja ao ar livre
escrevendo versos à vacuidade
de soslaio
na ponta do pé esquerdo
uma jovem
atira a sua sombra sobre a cidade
dança mas permanece morta
as andorinhas
se dobram como bambus
flutuam ágeis
inesperadamente
nuvens talhadas em pedra
caem sobre as casas
hoje sopra vento sudoeste
não tenho medo, sorrisinhos,
a verdade exige grandes sacrifícios
lábios vermelhos cobriu o rosto ébrio
se tivéssemos tido tempo
teríamos podido falar disso
você levantou as sobrancelhas
negligentemente
como se desenhasse na areia
creio que tenho razão neste ponto
não é possível contemplá-la
vacilei, já não há vento
de modo que agora
vou por becos estreitos
até a sua inalcançável morada
na ponta do pé esquerdo
uma jovem
atira a sua sombra sobre a cidade
dança mas permanece morta
as andorinhas
se dobram como bambus
flutuam ágeis
inesperadamente
nuvens talhadas em pedra
caem sobre as casas
hoje sopra vento sudoeste
não tenho medo, sorrisinhos,
a verdade exige grandes sacrifícios
lábios vermelhos cobriu o rosto ébrio
se tivéssemos tido tempo
teríamos podido falar disso
você levantou as sobrancelhas
negligentemente
como se desenhasse na areia
creio que tenho razão neste ponto
não é possível contemplá-la
vacilei, já não há vento
de modo que agora
vou por becos estreitos
até a sua inalcançável morada
colher palavras impossíveis
plantar canteiros de alvoradas
Fred Matos
26/11/2008
plantar canteiros de alvoradas
Fred Matos
26/11/2008
6 comentários:
posso apenas falar que esse seu poema está fantástico?
já li tantos, mas digo, foi o melhor de hoje para mim...
Eu fico muito contente por você gostar, Pavitra.
Obrigado.
Beijos
Olá meu amigo!
Estive sem net e só por isso há dias não te visito e quando finalmente volto me deparo com esse poema. Tão belo quanto chocante, sinto-me como alguém que há dias faminto recebe uma feijoada, rsss. Parabéns, poeta, você sempre se supera e sempre nos surpreende! É sempre MUITO bom ler seus escritos!
Beijo enorme
Ada
Bem que eu estava estranhando a sua longa ausência, amiga Ada. Bom que tenha voltado. Obrigado pelo comentário generoso.
Beijos
Ainda me acostumando por aqui. Com os poemas e as fotos.
"a verdade exige grandes sacrifícios"
Essa frase, nesse momento meu, me chamou a atenção.
bjs
Paula,
Pensando aqui comigo: a mentira também pode exigir grandes sacrifícios e entre os grandes sacrifícios da mentira e os grandes sacrifícios da verdade, a verdade é sempre preferível. Já houve época na qual eu achava que a mentira se justificava se fosse para não ferir outra pessoa, hoje acho que não, que a mentira não se justifica.
É claro, contudo, que verdade e mentira, conforme a reflexão acima, são conceitos da chamada vida real. Ou seja, não tem nada a ver com a literatura, que é resultado de criação, de fantasias, de ilusão.
Além disso, se quisermos aprofundar mais a questão, e considerarmos que verdade e mentira são conceitos humanos, teremos que admitir a possibilidade de que o mesmo fato, visto de ângulos diferentes, pode significar coisas diferentes, dependendo do ponto de vista do observador. Neste caso, verdade e mentira não existiriam absolutamente. Mas como eu não entendo de física quântica, não tenho condições de seguir adiante nesta linha de raciocínio.
Beijos.
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