ilustração: Peter Gric
para Joeldo Holanda
dos ébrios diálogos sem nexo
farei matéria-prima
para que não se oprima a minha sintaxe
ao ferro frio do que é aceito nos salões da elite
nos requerimentos e decretos
nos livros acadêmicos
terei talvez que me livrar da biblioteca
investir o tempo nos botecos
nos mercados populares
nos bancos das praças
nos braços das putas
no psy trance, no funk, no rap hip hop
ôôôôôôôôôôô
neste ponto o poema se interrompe
não ainda para configurar a ruptura
mas para evitar um final insosso
tentemos, então, uma feijoada
ou algo de igual sustança e alento
tentemos um copo de cachaça
uma roda de samba no morro
mas o final interrompido volta à tona
tal bosta que não tolera o fundo da latrina:
se eu sumir, não der notícia,
não me procurem
terei encontrado
mais que a sintaxe das ruas
as balas perdidas da policia
uma maca infecta no corredor do pronto-socorro
um empolgante tiroteio entre milícias
um traficante transtornado vestido de rambo
um rabo-de-saia que me armou uma cilada
ôôôôôôôôôôôô
três nós de dedos na madeira
dos ébrios diálogos sem nexo
farei matéria-prima
para que não se oprima a minha sintaxe
ao ferro frio do que é aceito nos salões da elite
nos requerimentos e decretos
nos livros acadêmicos
terei talvez que me livrar da biblioteca
investir o tempo nos botecos
nos mercados populares
nos bancos das praças
nos braços das putas
no psy trance, no funk, no rap hip hop
ôôôôôôôôôôô
neste ponto o poema se interrompe
não ainda para configurar a ruptura
mas para evitar um final insosso
tentemos, então, uma feijoada
ou algo de igual sustança e alento
tentemos um copo de cachaça
uma roda de samba no morro
mas o final interrompido volta à tona
tal bosta que não tolera o fundo da latrina:
se eu sumir, não der notícia,
não me procurem
terei encontrado
mais que a sintaxe das ruas
as balas perdidas da policia
uma maca infecta no corredor do pronto-socorro
um empolgante tiroteio entre milícias
um traficante transtornado vestido de rambo
um rabo-de-saia que me armou uma cilada
ôôôôôôôôôôôô
três nós de dedos na madeira
toc-toc-toc
isola
é melhor não correr riscos
conformar-me à minha sintaxe oprimida
pedir outra dose de uísque on-the-rocks
ouvir uma valsa vienense
vestir um fraque alugado
ir a paris afundar no crediário
hipotecar a casa o gato o futuro
emitir três talões de cheques sem fundos
comer salada de chuchu tomate e alface
nem um grama de gordura
abaixo a picanha, o torresmo, o miolo de alcatra
olhe o seu colesterol
ôôôôôôôôôôôô
três nós de dedos na madeira
isola
é melhor não correr riscos
conformar-me à minha sintaxe oprimida
pedir outra dose de uísque on-the-rocks
ouvir uma valsa vienense
vestir um fraque alugado
ir a paris afundar no crediário
hipotecar a casa o gato o futuro
emitir três talões de cheques sem fundos
comer salada de chuchu tomate e alface
nem um grama de gordura
abaixo a picanha, o torresmo, o miolo de alcatra
olhe o seu colesterol
ôôôôôôôôôôôô
três nós de dedos na madeira
toc-toc-toc
isola
a vida não tem nexo, meu chapa
este poema...
ôôôôôôôôôôôô
é melhor não correr riscos
Fred Matos
isola
a vida não tem nexo, meu chapa
este poema...
ôôôôôôôôôôôô
é melhor não correr riscos
Fred Matos
4 comentários:
ôôôôô é melhor correres o risco de "poetar". Um beijo.
E é sempre um risco mesmo, Helena.
Beijos
Fred Obrigado pelo poema, a poesia é um risco que adoro correr. Sem nexo fica melhor ainda.
Forte abraço
Joeldo
E uma legião de fãs da sua poesia, na qual estou evidentemente incluído, espera que você faça as pazes com os versos e não desapareça novamente.
Abração.
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