terça-feira, janeiro 27

cadáver de vidro


para Caetano Veloso

Foto: Sylvain Burgert


é de vidro o cadáver que aqui jaz
reflete o sol como se fosse de aço
se tocado cada um dos seus pedaços
emanará a luz de mil cristais

não o toque sequer para um carinho
deixe que permaneça neste estado
entre a vida e a morte, mas ocupado
com a decifração dos seus caminhos

levantar-se-á quando ouvir a canção
rompendo o silêncio da madrugada
exibindo nas mãos escancaradas
os sete instrumentos da ascensão

tal como surgiu terá enfim partido
e o cadáver não será nem terá sido


Fred Matos
27/01/2009


6 comentários:

alineaimee disse...

Adorei as imagens desse poema. Belo demais!

maré disse...

a voracidade

do tempo

e os regressos

______

bj

Fred Matos disse...

Obrigado, Aline.
Beijos

Fred Matos disse...

É isso, maré.
Obrigado.
Beijo

Maurício disse...

Quais são os sete instrumentos da ascensão? É um soneto bem estruturado com rimas e ritmo redondo, mas me deixou a impressão de uma bela embalagem sem conteúdo. Talvez eu não tenha entendido, mas foi o que senti.
Abç

Fred Matos disse...

Maurício,
Aceito a sua crítica com a mesma satisfação que recebi o elogio em um outro poema.
Abraços

pesquisar nas horas e horas e meias