ilustração: Salvador Dali - Chastity
entre o homem e o poeta
um que é bicho outro profeta
um que sonha outro razão,
um que pena outro tesão,
um íntegro outro canalha
sigo a sina no fio da navalha
e entre eles ergo a muralha
que Cronos me deu por punição
ao poeta toca as noites,
sábados domingos feriados
ao homem os dias ocupados
na labuta pelo pão
ao humano cabe o pecado,
ao poeta só cabe ilusão
Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002
5 comentários:
O entrelugar, não no sentido convencional do termo, mas no que eu quis dar agora.
Boa combinação surgiria de pecado e ilusão, acho eu.
Bruna,
um dos defeitos deste poema é este tal de pecado. pecado é apenas um conceito. não sei onde estava com a cabeça, mas não sou de jogar filho fora, se der vou melhorando, lapidando, e, talvez um dia encontre uma solução melhor.
Olá Fred.
Compreendo perfeitamente o "peso" dessa "fragmentação"...
Viver entre "coisas-sérias" e "não-sérias" - parafraseando Huizinga - não é lá fácil.
Mas, sejamos otimistas.
Quem sabe um dia se conceberá a arte não apenas como diversão, mas como atividade necessária, bem maior da humanidade, do "homo ludens" (?!).
Sejamos otimistas, e brinquemos a ciranda da vida!...
Abraços,
H.F.
A fragmentação, contudo, é necessária, Hercília, ainda que pelo menos para ser matéria prima da arte.
Obrigado pela leitura e comentário.
Abraços
Sim, Fred...
Ela é necessária para que se possa afirmá-la, negá-la... haver senso e contra-senso. Multiplicar opiniões.
Muito bem pensando.
Abraços poeta.
H.F.
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