ilustração: Ken Brilliant
certeza eu não tenho nenhuma
mas como se trata de novidade
vim correndo lhes contar
que ouvi alguém dizer
que vaga na via láctea
ou na via crucis
- eu não sei distinguir entre elas -
um espermatozóide semiótico
que teria
dizem uns
fertilizado um óvulo gigante
no centro de um buraco negro
cujo resultado previsto
na opinião dos acadêmicos hedônicos
é a emersão de um pop-star brilhante
em uma epopéia apoteótica
algo assim
quem diria?
como desfile de escola de samba
na marques de sapucaí
ou como um palmeiras e corinthians
no estádio do morumbi
mas há controvérsia
afirmam outros
que o tal errou a rota
segue agora para andrômeda
onde pacientemente aguardará
que as duas galáxias se fundam
algo assim
quem diria?
como a praça castro alves
às cinco da madrugada
mas como se trata de novidade
vim correndo lhes contar
que ouvi alguém dizer
que vaga na via láctea
ou na via crucis
- eu não sei distinguir entre elas -
um espermatozóide semiótico
que teria
dizem uns
fertilizado um óvulo gigante
no centro de um buraco negro
cujo resultado previsto
na opinião dos acadêmicos hedônicos
é a emersão de um pop-star brilhante
em uma epopéia apoteótica
algo assim
quem diria?
como desfile de escola de samba
na marques de sapucaí
ou como um palmeiras e corinthians
no estádio do morumbi
mas há controvérsia
afirmam outros
que o tal errou a rota
segue agora para andrômeda
onde pacientemente aguardará
que as duas galáxias se fundam
algo assim
quem diria?
como a praça castro alves
às cinco da madrugada
da quarta-feira de cinzas
antes de mudarem para a barra
o encontro dos trios elétricos:
de um lado os tapajós
de outro a caetanave
armandinho dodô e osmar
descendo de são bento
o céu clareando atrás da ilha
que maravilha...
mas é como eu disse antes
certeza eu não tenho nenhuma
exceto que se fecunda
assim,
à-toa,
por nada,
uma alegria malvada
ou tristeza benfazeja
sempre que o pé na estrada
a mão na mala
o olhar na lua
anuncia uma canção
uma nova revolução
algo assim
quem diria?
como uma imensa procissão
de astros
destros
astutos
sinistros
meninos nus
nitrato de prata
rosas
rubis
diamantes
solitários
ninfas
sátiros
cabras
cobras...
mas é como eu disse antes...
Fred Matos
24/01/2009
antes de mudarem para a barra
o encontro dos trios elétricos:
de um lado os tapajós
de outro a caetanave
armandinho dodô e osmar
descendo de são bento
o céu clareando atrás da ilha
que maravilha...
mas é como eu disse antes
certeza eu não tenho nenhuma
exceto que se fecunda
assim,
à-toa,
por nada,
uma alegria malvada
ou tristeza benfazeja
sempre que o pé na estrada
a mão na mala
o olhar na lua
anuncia uma canção
uma nova revolução
algo assim
quem diria?
como uma imensa procissão
de astros
destros
astutos
sinistros
meninos nus
nitrato de prata
rosas
rubis
diamantes
solitários
ninfas
sátiros
cabras
cobras...
mas é como eu disse antes...
Fred Matos
24/01/2009
17 comentários:
freeed! muitas saudades de vir aqui!!
esse seu poema é fantástico, como conversa imaginativa de comadre.
logo mais lerei os outros posts para me atualizar,
beijo grande!
Fred,
que a fecundação não traga,jamais, monstros para qualquer galáxia!
Já chegam os que por cá andam fruto da mais vã e normal fecundação.
A aparecer algum, que venha de mansinho e cheio de boas intenções, porque o mundo precisa de monstros amigos!
Beijinho!
Ê, Camila, fazia mesmo muito tempo que não te via por aqui. Bom ver que retornou.
Beijos
Espero que não, Luísa. Creio que não, porque os monstros atuais são medíocres. E mais não digo para que cada qual interprete como bem entender as metáforas do poema.
Obrigado pela leitura e comentário.
Beijos
mto bom..
adorei.
espermatozóide semiótico.
bjo.
estou aqui para autorizá-lo a roubar qualquer coisa que queria do meu blog rs
e aproveitar e dizer que achei muito espirituoso este belo poema.
beijos
É interessante demais seus poemas!
Bom domingo pra vc,
bjo carinhoso.
Pois é, Simone, me deu mesmo vontade de roubar aquele vídeo fantástico.
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Que bom que você gostou do espermatozóide semiótico, Luísa.
Obrigado.
Beijos
Seu comentário que me deixa muito contente, Branca.
Obrigado.
Beijos
"certeza eu não tenho nenhuma
uma alegria malvada
ou tristeza benfazeja"
bem pensado
e melhor escrito
chorar de alegria
e rir no enterro
é isso amigo
é o que fazemos todos os dias
sem saber se vamos ou voltamos
abraço
É o que fazemos, Iosif, quase sempre sem a percepção de fazê-lo. E há também o imenso que deixamos de fazer e que pode ser ainda mais significativo.
Sempre me deixam contente os seus comentários.
Abração.
Hoje esse é meu poema preferido. Ontem também foi, porque já havia lido, apesar de não comentar, porque não sabia o que dizer, pra variar.
Parece que ele contém tudo.
Você pode tanto com as palavras. É um grande poeta.
Talvez eu devesse te invejar por isso, mas acabo mesmo é agradecendo à Moira por eu ter o privilégio de ler algo desse tipo todos os dias (sim, porque você atualiza o blog diariamente; que bom!).
Estou viciada nos teus poemas.
Escreva pra sempre, por favor!
Ah, e obrigada por sempre comentar lá no blog. Toda vez que coloco algo já fico esperando sua opinião, a gente sempre acaba valorizando mais a de quem a gente admira.
Será que sou mesmo um grande poeta, Bruna? Na realidade eu acredito que a poesia é obra aberta para a qual o poeta apenas fornece, através das palavras e/ou de outros signos da comunicação, impulsos que o leitor decodifica e interpreta à luz das suas próprias experiências e sentimentos. Sendo assim, não há grandes poetas absolutos. Um que é um grande poeta para mim, ou para você, não é necessariamente um grande poeta para outras pessoas.
Contudo, é obvio que o seu comentário me deixa muito contente.
Comentarei sempre no seu blog, porque também sou admirador dos seus textos.
Obrigado.
Você não é Drummond, nem Bandeira ou João Cabral, não é também Leminski, mas, está entre os melhores que leio na Internet, e isso não é coisa pouca, meu caro.
Abç
Eu sei quem eu não sou, Maurício, e fico muito contente por você me considerar um dos melhores entre os que você lê na Internet.
Agradeço-lhe, mesmo.
Abração
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