sábado, fevereiro 14

que me esqueça


ilustração: Peter Gric - bild220



espero a morte como se ela viesse serenamente
anunciar-me que é a hora de um último poema
e vendo-me hesitante na escolha das palavras
sugerisse-me a alternativa de um tema diferente

e além disso que pudesse iluminar a minha mente
fazendo-me recordar de cada esquecido instante
incentivando-me contudo a olhar para diante
como se a morte não fosse o fim, fosse somente

um passo a cumprir em uma infinita caminhada
da qual cada etapa fosse melhor que a cumprida
assegurando-me que há outra vida após a vida
e que a minha incredulidade é a escolha errada

sempre ansiei que a minha razão não prevaleça
como isso é duvidoso: que a morte me esqueça.


Fred Matos
14/02/2009

14 comentários:

Mariana Botelho disse...

Belo poema, Fred.

Fred Matos disse...

Obrigado, Mariana.
Beijo

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

"que me esqueça"
FRED, um poema alquímico, onde somente você e mais você mesmo para sentir tal alquimia sobre o contexto dos seus versos, profundos, adorei, estou lhe esperando ao meu novo espaço, onde são somente os meus escritos, com admiração,
Efigênia
Deixo o link:
http://efigeniacoutinhopoesias.blogspot.com/

Fred Matos disse...

Visitarei sim, Efigênia.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.

Anônimo disse...

A morte, tema de grandes poetas. A morte e o medo. A incompreensível. A morte extingue o depois.
Belo poema!

Ava disse...

"...um passo a cumprir em uma infinita caminhada..."

Uma caminha que só desemboca em uma foz....
Bom dia Poeta!
Invadinho seu espaço, e admirando tudo por aqui.... Fotos lindas, e poemas que lavam a alma...
Farei daqui, uma parada obrigatoria...rs
Parabéns!



Beijos avassaladores

Eu disse...

OiFred...olhei para o quadro das pessoas que acompanham o meu blog e vi você.
Vim conhecer o seu espaço e aproveitar que gostei muito, para acompanhar o seu também!
Seu poema é belíssimo!
Tenha um belo domingo!

Beijinhos

Anônimo disse...

esperar a morte é um jogo de paciência
eu e ela brincamos de esconde - esconde faz algum tempo
conto nos dedos da mãos e dos pés
se possível incluiria até os seus
e ainda assim não seria suficiente
pra contagem perfeita dos combates
que travamos por 85 anos,
a desgraçada me leva a beira do precipício
e depois me faz recuar dandos risadas
mas é aí que ela se engana
se ela pensa que ela me espanta
sou eu quem dá risadas
entretanto como todos sabem
a ultima a gargalhar será ela
que venha a danada
que me leve pro nada
e você meu amigo,
continue poeta que ela de rima
não entende nada

Fred Matos disse...

Obrigado, Priscila, pela visita, leitura e comentário.

Fred Matos disse...

Venha sempre que quiser, Avassaladora.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Tatiana.
Bom domingo pra você também.
Beijo

Fred Matos disse...

"se ela pensa que ela me espanta
sou eu quem dá risadas"


Espero poder espantar-me e rir tanto quanto você, Iosif. Hoje espantam-me os vivos, e não me dão motivos para a alegria.

Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.

Abração

Luísa disse...

Ops!
Que nostalgia é esta?A morte, só por si, gera em nós despedida e tristeza!
Não vamos anunciá-la, não?
Desde que nascemos, que ela é uma certeza, mas deixemo-nos esquecer dela e que ela não se lembre de nós, tão cedo.
Beijo cheio de vida, Fred!

Boa semana!

Fred Matos disse...

Luísa,
Há dias que a realidade bate na nossa cara para anunciar que é ilusão imaginar que a nossa lição de vida possa servir como exemplo. Dias assim podem nos trazer uma sensação de vazio e um desejo de morte (mas que ela se esqueça de mim) cujo único remédio é a poesia.
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Ótima semana.
Beijos

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