foto: Mário Cravo Neto
jamais me perguntei
porque tenho apascentado esta manada
cujos olhos perfuram meus silêncios.
gostava que não me apertassem o pescoço
nem que me exigissem manter limpos
os meus sapatos de mármore.
mas nunca, jamais, nenhum pio.
caminho ereto e sorridente como um asno
cuja felicidade é a ausência da cangalha.
contudo, tenho intimamente gritado
que todos os meus sonhos se diluem
como a neblina após a alvorada.
mas não.
estão todos surdos
nunca serei ouvido
exceto na opacidade dos meus olhos
cobertos de musgos.
porque tenho apascentado esta manada
cujos olhos perfuram meus silêncios.
gostava que não me apertassem o pescoço
nem que me exigissem manter limpos
os meus sapatos de mármore.
mas nunca, jamais, nenhum pio.
caminho ereto e sorridente como um asno
cuja felicidade é a ausência da cangalha.
contudo, tenho intimamente gritado
que todos os meus sonhos se diluem
como a neblina após a alvorada.
mas não.
estão todos surdos
nunca serei ouvido
exceto na opacidade dos meus olhos
cobertos de musgos.
Fred Matos
30 comentários:
eu ouço tua poesia e palmilho esse contentamento dos pequenos atos (mesmo que pesem): "cuja felicidade é a ausência da cangalha". Os sonhos fragmentam-se em letras como essa: alvorada de sensibilidae. Sigo te lendo. bjs
Obrigado, Glória.
Beijos
Fred, que poema mais bonito e intenso. A foto belíssima e muito significativa.
Os últimos versos arrebatam de vez.
"estão todos surdos
nunca serei ouvido
exceto na opacidade dos meus olhos
cobertos de musgos."
Parabéns pela lindeza poema. Bj
PS:Não entrei para receber o selo, pois não me sinto à vontade com isso. Principalmente, quando se tem que seguir regras. Argh! A vida já tem muitas.
Poesia é exercício de paradoxos. Liberdade e angústia. É o que me traz este poema. Canta Bethânia: " a liberdade está na dor."
um beijo
um conformismo que desconforma, creio que somos todos assim.
lindo poema e com ele uma realidade bruta e crua para ser digerida.
Saludos pra ti.
Anita.
Os olhos cobertos de musgo. Os sonhos gritados. A neblina da alvorada.
Um poema muito belo.
Um abraço.
"estão todos surdos
nunca serei ouvido
exceto na opacidade dos meus olhos
cobertos de musgos."
LIndissimo!!!
parabens... e uma ótima semana!
Beijos
Adorei o poema!
Sábias palavras.
Voltarei mais vezes aqui.
BeijoooO
"caminho ereto e sorridente como um asno
cuja felicidade é a ausência da cangalha"
Que lindo! é impressionante a sonoridade do poema! Estou aqui indicada pela amiga Hercília, que devo dizer me fez um grande bem.
Parabéns, poeta!
Abraços
Mirze
É verdade, Adriana, a vida já tem regras demais.
Agradeço-lhe pela leitura e comentário: este é um dos poemas meus que mais gosto.
Beijos
Gostei da sua definição de poesia, Marilia: "exercício de paradoxos".
Fiquei contente por você me visitar, pela leitura e comentário.
Beijo
Pois é, Anita, creio que a força deste poema está no paradoxo (para usar a definição de Marilia) entre o conformismo e o grito que o poema expressa.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Saludos.
Agradeço-lhe Graça, por vir, por ler, por comentar.
Abraços
Que bom que você gostou, Cáh
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Ótima semana pra você também.
Beijos
Espero que volte mesmo, Suelyn.
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Deixou-me contente a sua visita, leitura e comentário, Mirze.
Obrigado.
Volte sempre.
Abraços
Nossa...rs gostei! =P
beijos e boa semana!
Obrigado, Lili.
Ótima semana.
Beijos
"(...)caminho ereto e sorridente como um asno
cuja felicidade é a ausência da cangalha.(...)"
Que mundo fantástico esse aqui! Parabéns! A passagem citada acima foi a que eu mais gostei...
Beijos!
Obrigado, Mone.
Espero que volte sempre.
Beijos
Não sei e nào gosto de anlisar poemas. Só sei o que sinto, e uso de adjetivos simplórios para expressar-me.
"Cangalha" é triste mas é forte. Tão poderoso é o poema que faz doer...
Rossana
Olá Fred,
Perfeito,como sempre um grande poeta!
Passe lá em casa,e retire o primeiro Selo do blog,em agradecimento ao carinho, e incentivo.
beijos,
Mari
"caminho ereto e sorridente como um asno
cuja felicidade é a ausência da cangalha."
Perfeito, como senpre né Fred?!!?
adoreei.
;D
você é poeta e eu sou lixeiro
você é lírico
eu sou grosso
seus sonhos se diluem na neblina depois da alvorada
os meus sonhos se afundaram no lixão
esse meu choro de inveja
é o meu aplauso mais sincero
Não se pergunte...exceto para opacidade
dos musgos
Sou como você, Rossana, não sei e não gosto de analisar poemas, e geralmente resumo-me a dizer se gosto ou não, ou, na maior parte dos casos, não dizer nada: ler apenas.
Agradeço-lhe a leitura e comentário.
Beijos
Obrigado pelo selo, Mari, logo estará na página.
Beijos
Fico contente por você gostar, Duanny, pela leitura e comentário.
Beijos
Bobagem, Iosif, você é grande, meu amigo.
Abração.
Eu não pergunto Compulsão Diária, apenas agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
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