sexta-feira, maio 22

luto



Morremos diariamente a cada amigo que parte. Não tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Zé Rodrix, que nos deixou para sempre, hoje, dia 22 de maio, à uma e quinze da madrugada, mas graças à sua poesia, sentia-me íntimo. Poucas canções fizeram-me sonhar tanto quanto “Casa no Campo”. Morre o amigo que não conheci, morre um pedaço imenso do meu sonho.


Casa no campo

Elis Regina






Composição: Zé Rodrix e Tavito


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

12 comentários:

Regina Porto disse...

Naquela época eu também queria uma casa no campo,embora não soubesse oque fazer com ela.Ficamos sem o idealizador Zé Rodrix mas, com o lirismo dele.

Batom e poesias disse...

"Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim"...

É uma imagem que me acompanha desde que ouvi Elis cantando...

"Onde eu possa plantar meus amigos, meus discos, meus livros"...

Pra quê mais, né Zé?

Rossana

Bruna Mitrano disse...

Rodrix morreu???
Que horror...
Vou passar essa noite ouvindo Sá, Rodrix e Guarabyra como homenagem...

Adriana Godoy disse...

Bonita homenagem, Fred. Fiquei sabendo agora da morte do Zé. Já fui a vários shows dele na época do trio e mesmo solo. Fiquei triste. É ruim perder um cara assim, que ele veja muitos carneiros e cabras pastando no céu. beijo.

Sonia Schmorantz disse...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Autor: Paulo Santana

Um lindo final de semana!
Abraço

A garota do copo d'gua disse...

"eu quero o silêncio das linguas cansadas..."

bom fds!
;*

Anônimo disse...

Que lindo Fred, como é bom saber que a poesia imortaliza a gente, né?

Helena Figueiredo disse...

Sempre vivi no campo e é sobre ele que sei escrever.
Mas também me deixo embalar por belas canções, verdadeiros hinos imortais como esse, celebrizado por Elis Regina.
Obrigada pela lembrança

Adriana Riess Karnal disse...

Fred, essa ,música lembra muito da ,minha infância no sítio que tínhamos...muito significativa pra mim...foi uma pena mesmo a morte de Zé Rodix.

Bia disse...

Compartilho com vc cada palavra que postou aqui...me emocionei...e até lágrimas aíram de meus olhos...
parabéns pela homenagem...

Sinta-se em casa em meu cantinho...

Bia Maia

http://olhardentrodosolhos.blogspot.com

Vera disse...

Realmente é uma pena. Mas fica o maior legado dele: que é a música "Casa no Campo" magnificamente interpretada pela Elis.

Beijo.

Fred Matos disse...

Agradeço a todas as amigas e amigos pela presença, leitura e comentários.
Beijos&Abraços

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