foto: Fred Matos
a casa tem três quartos
seis gatos
um menino
um quarto é branco
há um que é rosa
outro de vidro
um gato é vinho
há um que é negro
quatro cristais
o menino é verde
a sombra brilha
um homem sai
há sobre a mesa
uma foto velha
outra janela
mão estendida
uma mendiga
divide o pão
passam sorrindo
ciganos turistas
alemães
salva de palmas
ecoa na sala
rompendo o silêncio
anáguas de seda
manchadas de sangue
bailam macias
moças pintadas
aspiram fumaça
entorpecidas
todas as tintas
de todas as cores
embaralhadas
o azul da poesia
o verde do verso
bala de prata
soldados de chumbo
soluçam no sótão
canções marciais
lavou a louça
um mar de rosas
pétalas púrpuras
lembranças da infância
esquinas escuras
metáforas tontas
jogam cartas
três damas
par de ases
vide o verso
vice e versa
na cozinha
adolescentes
eqüidistantes
lições poentes
lamentam lírios
quarenta e três filhos
oitenta e dois pais
o criado mudo
não é cego nem surdo
nos galhos pardais
piratas de pano
já não fazem planos
diamantes corais
olhando o vazio
o menino assobia
o mundo jamais
o resto é mistério
o resto é poesia
eu não digo mais
Fred Matos
a casa tem três quartos
seis gatos
um menino
um quarto é branco
há um que é rosa
outro de vidro
um gato é vinho
há um que é negro
quatro cristais
o menino é verde
a sombra brilha
um homem sai
há sobre a mesa
uma foto velha
outra janela
mão estendida
uma mendiga
divide o pão
passam sorrindo
ciganos turistas
alemães
salva de palmas
ecoa na sala
rompendo o silêncio
anáguas de seda
manchadas de sangue
bailam macias
moças pintadas
aspiram fumaça
entorpecidas
todas as tintas
de todas as cores
embaralhadas
o azul da poesia
o verde do verso
bala de prata
soldados de chumbo
soluçam no sótão
canções marciais
lavou a louça
um mar de rosas
pétalas púrpuras
lembranças da infância
esquinas escuras
metáforas tontas
jogam cartas
três damas
par de ases
vide o verso
vice e versa
na cozinha
adolescentes
eqüidistantes
lições poentes
lamentam lírios
quarenta e três filhos
oitenta e dois pais
o criado mudo
não é cego nem surdo
nos galhos pardais
piratas de pano
já não fazem planos
diamantes corais
olhando o vazio
o menino assobia
o mundo jamais
o resto é mistério
o resto é poesia
eu não digo mais
Fred Matos
19 comentários:
Mas como eu gostei deste teu poema, Fred!
Beijo
Que delícia de poema, me senti criança no início da leitura, crescendo e envelhecendo a cada estrofe!
Amei, como a tudo que escreves, poeta!
Beijos mil
Ada
Nem precisaria dizer! Está muito bonito assim...
Um abraço
Poema de Amor
Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio-dia
como uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que talvez outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, incitante, conhecer a minha vida,
rajada de roseira, trigo do vento,
e desde então sou porque tu és,
e desde então és, sou e somos,
e por amor serei, serás, seremos.
Pablo Neruda
Fred, uma viagem, um retorno, uma belezura seu poema. Dá vontade de cantar, pois o ritmo é forte e chama.bj
eu ia falar que parece música, mas já falaram...
bonito.
.
sim " o resto é misterio...poesia "
lindo,
sabe o dia 1 de setembro jogaram as cinzas de meu irmao la no Arpoador, no mar de Rio....
um abraço ainda mto triste
Deixa-me muito contente que tenha gostado, Amélia.
Beijos
Interessante a sua leitura, Ada.
Agradeço-lhe.
Beijos
Obrigado, Sonia.
Beijos
Lick,
Eu fiquei devendo a você uma homenagem pelos nossos 35 anos, completados ontem, mas você sabe que ontem não tive tempo nem de vir ver o blog.
Obrigado pelo Neruda.
Te amo de montão.
Infinitos beijos
Obrigado, Adriana.
Beijos
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário, Lucas.
Volte sempre.
Abração
Acho bem apropriado que o Iosif mergulhe eternamente no mar do Rio, que ele tanto amou.
Agradeço-lhe por tudo, Myra, sobretudo pela amizade.
Beijos
Belíssimo, Fred!
D[a até para jogar com as palavras:
A casa tem seis gatos, um menino tem seis qurtos.
um qurto é de vidro, o outro é rosa e ha um branco...
Estrutura poética maravilhosa! que remete qualquer um à infância. Eis porque brinquei, talvez.
Mão estendida pedindo pão! Se fosse joje, seria pão?
Fred, você é um poeta com estrela de primeira grandeza!
Parabpens, POETA!
Beijos
Mirse
Fred!
Que maravilha o poema ao lado, que distraída só depois notei: Canção do fogo!
Se me permitir, um dia postarei no meu blog com sua autoria e seus direitos.
Maravilhos!
Beijos
Mirse
Agradeço-lhe a generosidade do comentário, Mirse.
Claro que pode publicar o poema: lisonjeia-me que o faça.
Beijos
Oi, Fred
Quanta insensibilidade a minha, não ter vindo aqui antes, me perdoe!
Perdi eu, mas recuperarei o prejuízo voltando aqui muitas vezes...
Liiiindo demais o que tu escreve...
Adorei tua “A Casa”, nos dois sentidos...
Linda aquarela de palavras e sentimentos.... o resto é o resto...nem precisas dizer mais!
Bom final de semana pra ti também,
Bjsss
PS: obrigada pela visita, te respondi por lá também!
Cada coisa acontece quando tem que acontecer, Wania. Bem, talvez nem sempre, mas aceitemos que seja neste caso.
Bem vinda, e, sim, venha sempre.
Beijos
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