sábado, outubro 17

contra-mão



foto: Victor Skrebneski


“Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam,
finjamos ser os seus organizadores.”

Jean Cocteau


quando o fim da estrada se aproximava
voltou todo o caminho pela contra-mão
acreditando que retornando à infância
se livraria da aflição que o acompanhara
de quando nasceu até aquela madrugada
em que a alienação enfim o convenceu
que todos seguiam na direção errada
que os oceanos alimentavam os rios


Fred Matos
17/10/2009

20 comentários:

Wania disse...

Carecendo de si mesmo tentou voltar na contra-mão, tudo em vão!
A vida é mão única!!!

Fred, gostei muito do teu poema!
Faz pensar...

Bj e bom final de semana pra ti

Fred Matos disse...

Não tem volta mesmo, Wania.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Ótimo domingo
Beijos

Adriana Godoy disse...

Fred, viajei nesse poema...gostei muito da ideia, dos versos, sei lá...bateu forte. beijo.

Yaasmiin (: disse...

Pois é, esse texto me parece se resumir ou ao menos sustentar a idéia de um velho conceito “só se dá valor quando se vê o fim”.Depois que os anos se passam e com eles se vão a coloração dos nossos fios capilares, parece que nos damos conta que fizemos algo errado, na verdade, tudo. Pensamos como tudo poderia ser diferente, e a conjunção “se” se torna nossa companheira íntima, “se eu tivesse feito isso ou aquilo”. Daí a sensação “fiz tudo errado”. Isso simplesmente porque isso é mesmo um ciclo, se tivéssemos feito diferente, pensaríamos se não seria melhor se tivéssemos feito da forma que fizemos. Infelizmente, voltar no tempo e visualizar na prática todas as possibilidades de escolhas e decisões, nós não podemos fazer.E se pudéssemos, não teria graça, afinal o que iria sustentar nossas madrugadas de insônia? . Mas enfim, para todos os efeitos, sim, nós estamos fazendo tudo errado. E se tivéssemos feito diferente do que fizemos bom, ainda assim, teríamos feito errado. O certo é o que não conhecemos, o que não vivemos, pois isso não teve a oportunidade de dar errado, de sofrer um imprevisto, etc.Resumindo, voltar, não adianta nada.

Lídia Borges disse...

Muito bonito!
O retorno, como uma fuga pelo deserto da insatisfação.

L.B.

Fred Matos disse...

Que bom, Adriana, isso me deixa muito contente.
Obrigado.
Ótimo domingo.
Beijos

Fred Matos disse...

Gostei muito da sua análise do poema, Yasmin.
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Ótimo domingo
Beijos

Fred Matos disse...

Que bom que você gostou, Lídia.
Obrigado.
Ótimo domingo
Beijos

Lara Amaral disse...

Essa contramão me persegue, poeta.
Abraços para ti!

Fred Matos disse...

Perseguição já é em si mesma uma coisa arriscada, perseguição na contra-mão mais arriscada ainda, mas ser perseguida pela contra-mão pode ser simplesmente poesia. (risos). Claro, Lara, sei que você está se referindo àquele seu poema.
Obrigado mais uma vez pela presença, leitura e comentário
Ótimo domingo
Beijos

Unknown disse...

Alienação, indiferentismo as ações, onde nada faz sentido em seu contexto...

Maravilhoso texto
Parabéns!!

Ianê Mello disse...

Conciso e belo.

Voltar ao passado só é possível em nossa mente, através das recordações que dele registramos.
E isso devemos fazer, a fim de aprendermos com os erros e direcionarmos nosso presente para um futuro melhor.

Parabéns!

Bom domingo.

Um abraço.

Ps: Postei dois comentários em seu poema "Eclipse" e lamento que não tenha lido.
No segundo comentário lhe pedi que visitasse meu blog, pois lá fiz um poema inspirada no seu, que gostaria muito que lesse.

Unknown disse...

Lindo e reflexivo poema, Fred!

Lembrou-me a historinha da mãe que vendo que seu filho era o único que marchava na direção contrária, disse para a mãe ao lado: Veja, só meu filho está certo, os outros marcham na direção contrária.

Coisas de mãe.... não muito "pé no chão"

A realidade, você nos traz nesse belo poema! Depois de percorrido o caminho da vida, voltar, só para aprimorar os erros e acertos.

A grande aflição de voltar e recomeçar, aliena!

Parabéns, poeta!

Beijos

Mirse

myra disse...

é isto mesmo, infelizmente, so tem uma direçao, esta vida....por isto tem que se viver intensamente,
belo teu poema, como alias todos...
bjs

Fred Matos disse...

Obrigado, Livinha. Fiquei contente com a sua visita, leitura e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Ianê, e desculpe-me por não ter visto suas mensagens no "eclipse". Já fui lá conferir e no seu blog também.
Ótimo domingo
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Mirse.
Fico contente, não apenas pela sua visita, leitura e comentário, mas, sobretudo, por crer que a sua presença aqui é sinal de que as coisas começam a caminhar melhor para você.
Ótimo domingo.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Myra.
A sua generosidade sempre me comove.
Ótimo domingo
Beijos

Anônimo disse...

Olá Fred! Interessante que essa madrugada sonhei que entrava guiando meu carro na contra-mão e voltava em marcha ré tentando achar a saída, acabava entrando na contra-mão de novo! Agora você nos traz esse poema e mais uma vez surpreende com as suas metáforas maravilhosas; Ler seus poemas é tornar-se mais poeta. Aplausos!

Beijos

Ada

Fred Matos disse...

Você como sempre muito generosa, Ada.
Seu sonho é um prato cheio para interpretações, consequentemente para a poesia.
Obrigado.
Ótima semana
Beijos

pesquisar nas horas e horas e meias