segunda-feira, outubro 19

contrição



foto: Mário Cravo Neto


Insidiosamente virá.
A morte virá infalível.
Bem aventurados os
que não sofrem com isso.

Eu a espero contrito.
Tenho sido seu aliado,
néscio nos cuidados
que devia ter comigo.

Cedo ou tarde virá
usando qualquer artifício
para o seu abraço fatal.

Absolutamente morto,
infinitamente findo,
serei objeto, abjeto, ábdito.




Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Editora Poesia Diária
Maio/1999

17 comentários:

Sue disse...

Simplesmente demais!

Demais!!

bjks

Sue

Fred Matos disse...

Que bom que você gostou, Sue.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

Nem tanto pela morte em si, Marcos, mas pela consciência dela.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Abraços

BAR DO BARDO disse...

Boa consecução!

Fred Matos disse...

Obrigado, Henrique.
Abração

Lara Amaral disse...

Como sou fã de Raul Seixas, não pude deixar de me lembrar da música dele "Canto para minha morte", que é tão bonita quanto a sua poesia. Se me permite, vou deixar uma estrofe dela para vc, então =). Abraço.

"Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar.
Vem, mas demore a chegar
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida"

Moni Saraiva disse...

É a certeza mais pungente, infalível, o que nos levaria de fato a esperá-la.

Para mim, visita non grata, vou burlando, me escondendo, esperando que se esqueça de mim.

Vida longa em poesia, Fred!

Úrsula Avner disse...

Oi Fred, poema forte, intenso, expressivo, belo. Um abraço com carinho.

Fred Matos disse...

Eu não conhecia esta do conterrâneo, Lara, e agradeço-lhe por deixar aqui, bem como pela sua visita, leitura e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

Eu também, Moni. Também vivo me escondendo dela e é o que pretendo fazer enquanto a vida puder ser vivida com algum prazer.
Obrigado por vir, ler e comentar.
Beijos

Fred Matos disse...

Que bom que você gostou, Úrsula. Fiquei contente.
Obrigado.
Beijos

myra disse...

demias, sim, e tambem triste demais...penso no meu irmao...
um abraço, Fred,

Fred Matos disse...

Também pensei nele (e naquele cigarro que ele não conseguiu abandonar) quando publiquei o poema.
Obrigado, Myra.
Beijos

Unknown disse...

Perfeito, Fred!

Belíssimo poema! Nada demais quendo se trata do poeta Fred Matos, mas.... emociona!

Parabéns!

Beijos

Mirse

Fred Matos disse...

Obrigado, Mirse.
Os poemas do "Eu, meu outro" são, em média, mais melancólicos que os poemas escritos depois.
Beijos

Adriana Godoy disse...

Fred, estou com dificuldades para comentar em seu blog. Li os últimos textos e esse último e me deliciei. Também me sinto assim em relação à poderosa. Lindo poema e espero que seu sono se regularize. Beijo.

Fred Matos disse...

Eu não entendo o que é que pode estar acontecendo que a impeça de comentar, Adriana.
Fico contente que você tenha gostado e agradeço-lhe.
Beijos

pesquisar nas horas e horas e meias