para Lídice
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ilustração: "Eco e Narciso"
John William Waterhouse
o espelho
águas calmas
guarda
doce
a imagem refletida
e o segredo do amor que me consagro.
voluptuosamente abraço-me líquido
concrecionando-me onde meus braços estendo.
somente eu posso amar-me absolutamente
e dedicar-me completa exclusividade.
quem
senão eu
pode permear meus mais íntimos anseios
sem quedar-se em melancólica perplexidade?
minha voz é música de divina sonoridade
para ouvi-la os pássaros silenciam
e
na cascata
a água adquire imobilidade.
sou feliz no bastar-me infinitamente
amando o que guardo em cada ruga do rosto:
sou velho
jovem
e eterno
enquanto houver humanidade
Fred Matos
publicado em "Eu, Meu Outro"
Maio/1999
26 comentários:
Me ví muito nesse texto. De uns tempos pra cá, tenho aprendido muito a importância de me bastar comigo mesma. Gostei muito, adoro o mito de Narciso e as diversas interpretações que o mesmo nos permite!
Olá!Passei para deixar fluir a minha imaginação com os seus poemas!
Bom fim de semana! Abraços!
risos. muito bom, Fred, e vc está certo.
e o poema me lembrou um dia, numa lombra doidíssima, de frente ao espelho, bem, deixa pra lá... rsrsrs...
Gosto muito dos mitos. Através deles aprendemos muito sobre nossa própria natureza.
De fato, precisamos, acima de tudo, cultivar o amor-próprio.
Só podemos amar verdadeiramente o outro quando amamos a nós mesmos.
Lindo poema, Fred.
Bom final de semana. Beijos.
Pô, Fred, então Narciso, né? Gostei e são muitos que se identificam com esses belos versos. Arrasou. beijo.
Todos temos, e é bom que tenhamos, algumas pitadas de Narciso, Nêssa, mas é preciso não permitir que a pitada seja excessiva.
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Espero que tenha fluido e usufruído, Sônia.
Obrigado
Ótimo fim de semana.
Beijos
Essas histórias de lombras frente ao espelho são sempre interessantes e você me deixou curioso, Nina.
Para dar o troco, nada direi acerca de uma noite, numa egotrip, que, bem, deixa pra lá... rsrsrsr...
Agradeço-lhe vir, ler e não me contar (risos).
Ótimo fim de semana.
Beijos
"Só podemos amar verdadeiramente o outro quando amamos a nós mesmos."
Creio nisso, Ianê, mas precisamos ter cuidado para que o amor próprio não seja tão grande que nos leve a só amar as outras pessoas como projeção do nosso amor-próprio, resultando em um sentimento de posse que não é um amor verdadeiro, pois transforma a pessoas supostamente amada em um objeto de transferência dos nossos anseios.
Agradeço-lhe por vir, ler e comentar.
Ótimo fim de semana.
Beijos
Considere-me um repórter, Adriana. Claro que tenho a minha pitada de Narciso, mas já não permito que a minha imagem seja maior que o meu eu.
Obrigado pela visita, leitura e comentário.
Ótimo fim de semana.
Beijos
Olá Fred!
De todos os mitos o que menos entendia era Narciso! Não havia sentido para mim, viver para apreciar-se.
Você em seus belos versos fez-me encontrar um outro modo de enterder o Mito!
belíssimo poema!
Beijos
Mirse
Agradeço-lhe, Mirse, a visita, leitura e a generosidade do seu comentário.
Ótimo fim de semana.
Beijos
oi, Fred, eu tinha colocado um comentario ontem aqui, mas vejo que nao apareceu, de qualquer maneira voce sabe que amo tudo que escreve!
um grande beijo,
Todos temos um pouco de Narciso...
Mas os deuses moram rente às águas...
Um belo poema.
Beijos.
É meu aniversário, eu vim aqui te trazer um pedaço do meu bolo virtual.
Bjs
Gê
Boa tarde, Fred este mundo é muito narcisista!Convivo com pessoas assim, mas acho q elas sofrem seus próprios horrores. Tem selinho p vc no releituras. Bjs
Belíssimo, Fred.
Poema-espelho de elevadíssima literariedade. A lenda de Narciso liricamente atualizada em versos. Muito apreciei!
Com tempo... há no HF diante do espelho um curto em intertextualidade com um dos seus poemas que habita em mim. Faço referência ao texto em versos.
Forte abraço, poetíssimo. E parabéns por seu "eu, narciso". Sem qualquer sombra de dúvida, um grande poema!
Beijos :)
H.F.
Sei, Myra, e fico muito contente. Este ano que está para acabar me levou muitos bons amigos, mas ganhei outros e, entre eles, você se destaca e me causa orgulho.
Obrigado.
Ótimo domingo
Beijos
E rente aos nossos sentidos e sentimentos, Graça.
Agradeço-lhe por vir, ler e comentar.
Ótimo domingo
Beijos
Ê, Gê, obrigado menina: o bolo está uma delícia.
Desejo-lhe muita felicidade.
Parabéns
Beijos
Agradeço-lhe comovido, Elzenir.
Ótimo domingo.
Beijos
Obrigado, Hercília.
O "quando virou borboleta" é um dos meus preferidos.
Ótimo domingo
Beijos
Fred, tem presente pra ti em:
http://soniasilvinothebestblogs.blogspot.com
Passe lá!
Bjs!
Fred,
feliz por ter ido apreciar o poema que faz referências ao seu "quando virou borboleta".
No HF diante do espelho respondi ao seu comment, e venho aqui compartilhar parte de minhas palavras:
"Me alegra que tenha apreciado, Fred. Amo verdadeiramente o seu poema "quando virou borboleta" [incrível essa coisa que acontece entre texto-leitor...]. Aliás, tudo o que você escreve é divino.
Uma grande riqueza poder compartilhar de sua poesia e, a partir da leitura, construir novos mares, portos, navios...
Muito obrigada por sua presença e, sobretudo, por nos permitir a apreciação de sua obra".
Um forte abraço, poetíssimo. Grata por tudo!
H.F.
Obrigado, Sônia.
Beijos
É comovente a sua generosidade, Hercília.
Só posso mesmo agradecer.
Beijos
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