domingo, outubro 12

alfaias


ilustração: Foto de Fred Matos

catando seixos e conchas,
aninhados no regaço da saia,
ela não se dava conta
que só porque passava
iluminava a minha a praia.

todo o universo, eu creio,
ela tinha na cambraia
atada rente ao ventre,
mas, inopinadamente,
deitou na areia as alfaias.

foi deste inesperado parto
que nasceram todos os astros
visíveis da minha aldeia,
que é onde a lua cheia
deixa na água seu rastro.

depois, nua, a sereia
sumiu no mar para sempre,
deixando comigo seus trapos
e a ilusão de que um dia
venha viver nos meus braços.


Fred Matos

2 comentários:

Maria Azenha disse...

Fred,
gosto do poema. veja só, tão belo:

"foi deste inesperado parto
que nasceram todos os astros
visíveis da minha aldeia,
que é onde a lua cheia
deixa na água seu rastro."


beijo,
mariah


P.S. Obrigada, Fred. Já alterei o fundo de " o pó da escrita".

Fred Matos disse...

Obrigado, Mariah, fico contente por você gostar.
Beijos

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