quinta-feira, abril 2

clique - Orixás do Dique do Tororó



Fotos: Fred Matos


O Dique do Tororó localiza-se em Salvador, Bahia.

É uma lagoa artificial limitada atualmente pelo bairro do Tororó em sua margem esquerda, pelo do Engenho Velho de Brotas em sua margem direita, ao Norte pelo Estádio Octávio Mangabeira, conhecido por Fonte Nova, e ao Sul pelo bairro do Garcia. É margeado pelas avenidas Presidente Costa e Silva e Vasco da Gama - que ao Sul convergem para a avenida Centenário e o Vale dos Barris.

À época do Brasil Colônia, o Dique do Tororó delimitiava o limite norte da Cidade Alta, da então Capital do Brasil. Há autores que atribuem o Dique aos holandeses que ocuparam Salvador nos anos de 1624 até 1625. Outros, entre os quais BARRETTO (1958), pelos Governos Gerais, entre o final do século XVII e o meado do século XVIII, para defesa complementar dos limites de Salvador. Suas águas contornavam a então Capital desde a altura do Forte do Barbalho até à do Forte de São Pedro; para a sua formação foram represadas as águas das nascentes do rio Urucaia (op. cit., p. 188). Com o desenvolvimento urbano da cidade uma grande parte foi aterrada.

O primitivo dique constituía-se em uma ampliação do dique de defesa da cidade alta, executada durante o governo do Vice-rei e Capitão General de Mar e Terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735), dentro do plano de fortificação de Salvador. Este projeto havia sido elaborado em 1714 pelo Capitão de Engenheiros francês Jean Massé, que após as invasões do Rio de Janeiro por corsários franceses em 1710 e em 1711, por determinação do rei D. João V (1705-1750), "em 1712 passou com o posto de brigadeiro ao Brasil para examinar e reparar as fortificações daquele Estado." (SOUZA VITERBO, 1988:154).

O Dique atualmente é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, possui pista de cooper, raias para a prática do remo, decks para a pesca, piers para pequenas embarcações, equipamentos de esportes e ginástica, playgrounds, além do Centro de Atividades e Praça de Eventos com restaurantes e estacionamento para 150 veículos, palco flutuante para a realização de espetáculos.

Para os adeptos do candomblé o Dique do Tororó é uma das moradas de Oxum, orixá da água doce, lagos e fontes. No mês de dezembro mães de santo depositam no lago cestos de flores e presentes em homenagem ao orixá. Às terças-feiras, os filhos de Ogum vão ao dique fazer suas preces e oferendas. Esculturas de Orixás, criadas pelo artista plástico Tati Moreno, embelezam o dique. Oito delas estão dentro d´água: Ogum (deus do ferro e da guerra), Oxóssi (deus das matas e da caça), Xangô (deus dos raios e trovões), Oxalá (o pai de todos os orixás), Iemanjá (deusa do mar e mãe dos orixás), Oxum (deusa dos rios, lagos e fontes), Nanã (a mais velha dos orixás) e Iansã (a deusa da guerra e das tempestades). As esculturas estão numa roda, na posição em que os filhos de santo incorporados pelo orixá costumam dançar nos terreiros de Candomblé. No centro da roda existe uma fonte com um jato de 40 metros de altura.

Desde a época colonial, a população de Salvador tinha por hábito se abastecer nas águas do Dique. Uma tradicional quadrinha popular canta:

"Eu fui ao Tororó
Buscar água e não achei
Encontrei linda morena
E então me apaixonei..."

8 comentários:

Mari Amorim disse...

Olá Fred!
Parabéns, pelo texto,a informação é precisa.lembrei-me,qdo criança,minha mãe cantava essa música,fiquei emocionaa,ao lembrar de minha terra Natal.Salvador.
Beijão,e muita luz!
Mari

Adriana Godoy disse...

Uma bela aula de História. Ricas informações. Parabéns.

Eleonora Marino Duarte disse...

é bonito, muito bonito.

os orixás do Dique do Tororó levam a assinatura de meu grande-melhor-amigo Milton Giglio
na bela iluminação.

post muito feliz, fred.

um beijo

Fred Matos disse...

Eu não sabia que você é de Salvador, Mari. Somos conterrâneos, então.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Adriana.
É pena que as fotos não estejam muito boas: foi o que deu pra fazer na época (com a máquina que tinha e sem tempo para procurar um ângulo melhor).
Beijos.

Fred Matos disse...

Obrigado, Betina, também pelo acréscimo informativo.
Beijos

yehuda disse...

Fred
o Brasil é incrível, tantas belezas a serem ainda vistas e olhe que já andei por aqui um bocado, Salvador desde 1964, e voltei bastante vezes e nunca jamais tive noticias desse belo ornamento dessa ainda bela cidade(gostava mais dela em 1963)
teu texto é perfeito e me dá saudade
abraço

Fred Matos disse...

A Salvador de 63 (eu tinha então 11 anos) era outra cidade, Iosif.
O Dique, é claro, já existia, mas a cidade propriamente dita acabava no Rio Vermelho.
Amaralina, Pituba, Itapuã, eram aldeias de pescadores.
Eu também preferia aquela Salvador porque não gosto de cidades muito grandes, mas, como as crianças, é inevitável que cresçam.
Agradeço-lhe a visita e comentário.
Grande abraço

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