domingo, abril 5

pacto


ilustração: Van Gogh - Fishing in Spring, Pont de Clichy. 1887


falemos sobre as pequenas coisas que nos cercam
falemos vagarosamente para que durem
um mínimo instante além do tempo que as fitamos

para as grandes coisas
já dedicamos toda a nossa pressa
e ela não foi capaz de nos dar conforto
nem de solucionar os graves problemas humanos

dediquemos às pequenas coisas um olhar preguiçoso

melhor ainda

façamos um pacto de silêncio enquanto caminhamos
de mãos dadas como Ricardo e Lídia à beira do riacho
onde eu nunca me havia dado conta
dos pés de avenca na sombra amarela do Ipê

façamos um pacto de silêncio para ouvir os pássaros
façamos um pacto de silêncio para ouvir as águas
e os seixos que rolam no seu leito

façamos silêncio para ouvir o vento
façamos silêncio porque as palavras estão gastas
como os seixos que rolam ao sabor das circunstâncias.


Fred Matos

22 comentários:

Cris Animal disse...

Ilustração Lindaaaaaaaaaaa!

Poema digno da ilustração.
Esse sil~encio que fala tanto, que é tão revelador e tão necessário para dois continuarem a ser...apenas ser!

beijo
.............cris Animal

Mari Amorim disse...

FRED,
O que dizer? Façamos um pacto de silêncio,diante dessa maravilha!
beijos,
Mari

Luisa disse...

adoro esse silêncio.
/
faço fácil esse pacto

beijo

Cosmunicando disse...

silencio saboreando o poema, muito bom!
bjos

carolina disse...

bucólico.

Anônimo disse...

com certeza as palavras ja estão gastas, por isso dexo so um bj.

Adriana Godoy disse...

"façamos silêncio para ouvir o vento
façamos silêncio porque as palavras estão gastas", sim mas sempre se descobrem novos sentidos para elas. Belo poema, Fred, um encanto mesmo. Bj

Fred Matos disse...

Claro que a ilustração é muito melhor que o poema, Cris.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Mari.
Beijos

Fred Matos disse...

Pacto feito, Luisa.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

Agradeço-lhe, Mercedes.
Beijos

Fred Matos disse...

Fico-lhe grato pela visita, leitura e comentário, Carolina.
Beijos

Fred Matos disse...

Beijo retribuído, Nanda.
Obrigado.

Fred Matos disse...

É verdade, Adriana.
É para isso que serve a poesia.
Obrigado.
Beijos

Andreia disse...

É preciso silêncio por vezes. Nele estão muitos pormenores da vida. *

Fred Matos disse...

É verdade, Andreia.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Beijos

cisc o z appa disse...

gostei demais fred!

me bateu uma afinidade grande com esse sentir silencioso e sutil
que seu poema aponta
apontar para para essas horas e horas e meias que você sempre nos apresenta
para esse estar no mundo
com a sola dos pés na terra
e atento ao mínimo gesto
como o rufar das folhas de um pé de avenca

evoé meu caro poeta!

coisas que vi e vivi disse...

AS VEZES O SILÊNCIO FALA MAIS DO QUE QQUER DISCURSO, ADOREI SEU BLOG
FRED, VOU SER UMA ANDANTE CONTINUA POR AQUI, VC ESTÁ NO MEU MAS, EU GOSTARIA DE SUA MAGNANIMA OPIÃO Á CERCA DOS MEUS PARCOS ESCRITOS, QUE UM DIA ESPERO CHEGAR PELO MENOS NA MESMA ESQUINA QUE VOCÊ.
O SILÊNCIO VALE OURO E PODE-SE OUVIR MUITAS COISAS ATRAVÉS, DELE.
ABRAÇOS
LI

Priscila Manhães disse...

Fred! Lembra que do meu gatinho que chamei de Fred em sua homenagem? Olha como ele tá grandão:
http://paulaglass.blogspot.com/2009/04/fred.html
Veja como ficou o nome dele.. hehehe
Beijo, querido.

Fred Matos disse...

Obrigado, Fernando.
Deixou-me muito contente o seu comentário.
Abração

Fred Matos disse...

Eu não sou muito bom como crítico, Ináia, por isso costumo apenas ler os blogs, mas, já que você pede, comentarei os seus textos.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Volte sempre.
Beijos

Fred Matos disse...

Não vou mentir pra você, Pri: eu estava esquecido da homenagem, mas me lembrei e fui ao blog da Paulinha conferir a foto do Xará.
Obrigado, amiga.
Beijocas

pesquisar nas horas e horas e meias