não sei quem é o autor da ilustração
à academia,
prefiro ser
clownsaltimbanco
anônimo e anômalo
cuja muda
eloqüência dos gestosgermine não palavras cavas
mas covas de mandioca e milho
tijolos livros arados
fantasias e sorrisos
coisas com serventia
mesmo as covas que guardam
as [acadêmicas]
carnes da humanidade
sendo clown eu póço
iscrever iço e a kilo
quinem pó
emas chão
mas que xamo do que
karo
quero ao meu cora
são
Fred Matos
26 comentários:
bárbaro, fred, bárbaro! "eu quero o lirismo dos bebedos, o lirismo dos clowns de shakespeare!" (bandeira)...
e me fez lembrar do poema que está em minha bolsa, veja:
UM POETA
(Antonio Carlos Secchin)
Um velho Homero de província.
entalado numa Ática minúscula,
baba e versa em prosa melosa
suas memórias de pária e de pústula.
Rei de si mesmo, truão engalanado,
poeta acuado pelo peso dos anos,
por sua parca inspiração escoa
o esgoto fracassado de seus planos.
Crê-se o maior vate do planeta
um pigmeu no rodapé da poesia.
Implora a Deus por quem o louve.
Nada ouve? Ele mesmo se elogia."
e mais este, mas agora ao outro tipo (é bárbaro):
COLÓQUIO
(do mesmo Secchin)
Em certo lugar do país
se reúne a Academia do Poeta INfeliz.
Severos juízes da lira alheia,
sabem falar vazio de boca cheia.
Este não vale. A obra não fica.
Faz soneto e metrifica.
E esse aqui o que pretende?
Faz poesia, e o leitor entende!
Aquele jamais atingirá o paraíso.
Seu verso contém a blasfêmia e o riso.
Mais de três linhas é grave heresia,
pois há de ser breve tal poesia.
E o poema, casto e complexo,
não deve exibir cenas de nexo.
Em coro a turma toda rosna
contra a mistura de poesia e prosa.
Cachaça e chalaça, onde se viu?
Poesia é matéria de fino esmeril.
Poesia é coisa pura.
Com prosa ela emperra e não dura.
É como pimenta em doce de castanha.
Agride a vista e queima a entranha.
E em meio a gritos de gênio e de bis
cai no sono e do trono o Poeta Infeliz"
... bom, né. e o mundo tá cheio de párnasos chatos (nem todos são) e de críticos rasos... inclusive pras artes plásticas...
quanto a imagem, me lembrou um filme que assisti na infância e que me enchia de medo. tenho quase certeza que a foto é daquele maldito palhaço malvado.. rsrsrs...
ah, e grata pelos seus comentários que sempre enriquecem minhas postagens :)
um beijo.
Liberdade de ser clown. Até na hora de arrancar o riso de onde só há pedra...
Abraços!
Ê, Nina, maravilha estes poemas do Secchin.
Bem, este poema nasceu sob influência de um livro que estou relendo "Maiakóvski e o Teatro [russo] de Vanguarda", de A.A.Ripellino.
O russo foi tirado no título da tradução brasileira, que foi publicada em 1971 e, portanto, qualquer referencia à Russia ou à União Soviética poderia criar problema para a editora.
O livro é ótimo e, quando eu tiver tempo, vou digitar um trecho sobre a peça "O percevejo", "Comédia fantástica" em nove quadros, como Maiakóvski a denominou.
Voltando ao poema: os clowns são presenças marcantes do teatro russo de vanguarda que surgiu após a revolução de outubro, daí que...
Eu que te agradeço, por vir, por ler e por comentar.
Ótimo domingo.
Beijos
Onde só há pedra, Moni?
Que haja flores, que haja pão, que haja riso e poesia.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Beijos
fred:
adoro os russos (dostoiévski na ficção, maiakóvski na poesia, mas N outros); adoro os clowns, o teatro, os sovietes, logo...
beijom outro :)
Eu também, Nina. E não podia ser de outro modo: uma grande parte da literatura que tive à minha disposição era literatura russa. Costumo dizer que se só pudesse reler um livro, seria "Almas Mortas" de Nikolai Gogol.
Beijo
Rssss muito bom!
abraços
como gostei deste "clown"! e as ultimas palavras, adorei, vc. ja sabe que gosto tanto como escreve e que escrev, um bom dia para voce,fred, beijo
P:S: a Nina, gostei muito destes poemas de Antonio Carlos Saecchin, nao conhecia.A gente aprende algo todos os dias...
Também prefiro as coisas com serventia. Há um clown em todos nós a subverter as coisas...
Um beijo.
Muito bom, sr. Clown!
Fred
...germinar em coisas com serventia!!!
Só por isso, já vale sermos Clowns!!!Quem precisará de mais!
Gosto demais de vir aqui te ler,
Bonito como sempre!
Bjs
Que bom que você gostou, Sonia.
Agradeço-lhe por vir, ler e comentar.
Ótimo domingo
Beijos
Eu sei mesmo é da sua imensa generosidade para comigo, Myra.
Obrigado, amiga.
Ótimo domingo
Beijos
Estamos concordes, Graça.
Obrigado.
Ótimo domingo.
Beijos
Sou-lhe grato, Sr. Henrique.
Abração
E eu fico muito contente porque você gosta, me visita e comenta, Wania.
Obrigado.
Ótimo domingo
Beijos
Perfeito!!!
Obrigado, Fabio.
Sempre me deixa contente quando vejo-o aqui.
Ótimo domingo.
Grande abraço
Verdade, Fred... Sendo "clown" a gente pode tudo e, se duvidar, mais um pouco. Adorei a construção desse poema. Também gostei muito do impacto que provoca a imagem que selecionou. Perfeito mesmo!
Beijoca!
Deixa-me contente que você goste, Tânia.
Agradeço-lhe pela visita, leitura e comentário.
Beijos
Ser clown. é ser humano, mais que humano. É ser livre e é esta liberdade que persigo, por isso amo todo o clown!
Maravilhoso, Fred!
Beijos
Mirse
Obrigado, Mirse.
Fiquei contente por você gostar e comentar.
Beijos
Fred, bom demais! Também prefiro ser clown! Bj
A nossa turma é grande mesmo, Adriana.
Agradeço-lhe por vir, ler e comentar.
Ótima semana.
Beijos
Onde assino?! ;)
É sempre bom vir aqui, Fred!
Beijos
Já assinou, Lou.
É sempre bom recebê-la.
Obrigado.
Ótima semana.
Beijos
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