terça-feira, julho 13

epitáfio



ilustração: Jan Saudek


aqui jaz
um ninguém
nascido verbo
morto talvez
por uso vago

oremos por ele
neste calvário



Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002




um outro jeito de ler


aqui jaz um
ninguém nascido
verbo morto
talvez por uso vago

oremos por ele neste calvário

Fred Matos


30 comentários:

dade amorim disse...

Gosto mais do primeiro, Fred. Mas o segundo é mais direto. Muito bons.

Beijo.

Fred Matos disse...

Eu também prefiro a versão original, Dade, mas acho interessante arrumar as mesmas palavras de outra maneira, e de ver que até onde se pode mudar o sentido apenas com a mudança de ritmo produzida pelo novo arranjo.
Grato por vir e comentar.
Beijos

Tania regina Contreiras disse...

Muito interessante, Fred essa possibilidade de rearrumar as palavras. São dois poemas, gosto mais do primeiro, mas acho que gosto ainda mais dessa possibilidade do confronto.
Abraços,
Tânia

Unknown disse...

Bravíssimo Fred!

Quase um palíndromo. Ficou linda a maneira de poder mudar. Tão linda que esqueci do "epitáfio".

Gosteis dos dois, mas se por votação, fico com o segundo.

Beijos

Mirze

Deia disse...

Uma outra pontuação, e já estamos lendo sentidos diversos. Gostei muito da proposta! Um beijo, Deia.

Bípede Falante disse...

Perturbador e muito interessante.

Lídia Borges disse...

O fim de verso no poema funciona como um sinal de pontuação e a sua alteração influi completamente o sentido da mensagem.

L.B.

Anônimo disse...

Ambas as formas boas de ler.
E a foto que você colocou é muito boa.
Abraço,

nina rizzi disse...

gosto dos dois. e quero me afogar. lembrei dos ótimos epitáfios do leminski, pro corpo e pra alma.

beijos e força ;)

Rízia Luiz disse...

é de arrepiar.

Andrea de Godoy Neto disse...

Fred, gostei muito dessa possibilidade do rearranjo

prefiro o primeiro, mas o segundo tem uma beleza dura, que corta feito faca

beijos

Daniela Delias disse...

Lindíssimo, Fred. Fiquei particularmente tocada pela maneira como os versos são apresentados na segunda forma "ninguém nascido/ verbo morto...". Há momentos em que as palavras parecem se dar feito presentes ao poeta, não é? Lindo de ler, é desses que ardem. Bjos!

Unknown disse...

um outro modo de ver

aqui um jazz
um talvez
irascível verbo
mesmo morto
em inútil vaga

brindemos por ele
neste calvário

desculpe-me a ousadia da contra-música,

abraço

Fred Matos disse...

Tânia,

Certa vez, faz muito, um poeta amigo reclamava que já não tinha assuntos, que se sentia como se já tivesse dito nos seus poemas todas as coisas que queria e podia dizer. De fato, são poucos, muito poucos os “assuntos” para a poesia, ou seja, é restritíssima a gama de sentimentos humanos, conquanto cada pessoa possa considerar o seu próprio sentimento como único e original. Então eu disse a ele que continuasse se repetindo, porque o que conta na poesia é a maneira como a coisa é dita, é na maneira de dizer que podemos ser originais.

Agradeço-lhe por vir e comentar.
Beijos

Fred Matos disse...

Mirse,

Será que a preferência por ou por outro tem a ver com algum componente psíquico do decifrador da mensagem? O segundo poema me parece imprimir um tom mais niilista ou, como disse a Adelaide no comentário dela: mais direto.

Grato pela visita e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Déia, deixa-me contente que goste.
Beijos

Fred Matos disse...

Que bom que você gostou e comentou, Bípede.
Obrigado.
Beijos

Fred Matos disse...

É assim que se faz a mágica, Lídia.
Grato pela visita e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

Obrigado, Rodrigo.
Bom vê-lo aqui.
Abração.

Fred Matos disse...

Ê! Nina. Obrigado, querida.
Beijos

Fred Matos disse...

Arrepiemo-nos então, Rízia.
Agradeço-lhe vir e comentar.
Beijos

Fred Matos disse...

É isso, Andréa: o “segundo corta como faca” talvez por cortar como bisturi é que eu também prefiro o primeiro.
Grato pela visita e comentário.
Beijos

Fred Matos disse...

”Há momentos em que as palavras parecem se dar feito presentes ao poeta, não é?”

Algumas vezes acontece mesmo Daniela, mas no mais das vezes a singeleza é fruto de muito suor.
Obrigado por vir e comentar.
Beijos

Fred Matos disse...

Não tem que se desculpar por nada, Assis. Gostei da sua versão e gostei de que você a fizesse.
Obrigado.
Abração

Lluís Bosch disse...

Un poema brutal, Fred. Crec que tens una especial habilitat en trobar les fotografies dels poemes (a la inversa).

Fred Matos disse...

Obrigado, Lluís. Às vezes encontro imagens que parecem se adequar aos poemas, outras vezes não, mas me esforço para encontrá-las.
Grande abraço

Joice Worm disse...

Olá Fred. Obrigada pela visita... Eu também nasci em Salvador, mas em 1961. Tenho saudades de lá (vivo na Europa há 25 anos, mas tenho programado meu regresso).
Obrigada pelo coment. Fiquei com vergonha pelos erros ortográficos ocasionado de uma escrita que vinha do peito e não teve tempo de dar a devida atenção ao bem escrever...
Mas compreendi que você percebeu a mensagem. Obrigada, meu querido.
(Estou na Sala dos Sonhos. É só escrever no Google).
Um beijo muito grande para ti,
já sou sua fã)
Joice Worm

Fred Matos disse...

Eu que te agradeço, Joice.
Ótima semana.
Beijos

stéfani disse...

Interessante seu blog. É bem original!

Eu achei lindo os dois mas o adaptado está melhor :)

Stéfani

Fred Matos disse...

Obrigado, Stéfani. Bom saber a sua opinião.
Ótimo fim de semana.
Beijos

pesquisar nas horas e horas e meias