suma sumaríssima de uma micro-epopéia ao som de tamborins.
Jules Le Fevre: "Mary Magdalene in the cave"
"Esqueci no piano as bobagens de amor
que eu iria dizer"
Chico Buarque, em “Lígia”
"Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão"
Caetano Veloso, em “Língua”
era tal o peso dos dogmas
naquela antiga civilização
que o céu ficou ao alcance das mãos
as crianças desatarraxaram as estrelas
como se fossem lâmpadas de brinquedo
e fez-se a escuridão
da qual ainda não escapamos
não obstante a ilusão iluminista
o gênio de Espinoza
e a sua concepção da substância divina
mas a natureza preserva os seus mistérios
e eu preferiria não tratar de temas sérios
Fred Matos
28 comentários:
Esperemos que se faça luz.
A sério!
L.B.
Eu também espero, Lidia. Faz séculos que espero, mas tenho tempo, todo o tempo do mundo, e paciência.
Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Beijos
tomara! sim, Luz muita Luz,pena que eu ja nao tenho tanto tempo.. e sabe Fred eu amo o Chico e o Caetano!
um grde e forte abraço,
o pior é que, às vezes, os temas sérios veem ter connosco e invadem-nos plenamente
beijo
Você tem luz própria, Myra.
Agradeço-lhe a visita, leitura, comentário e, sobretudo, a amizade.
Beijos
Para a minha antologia cordial:
as crianças desatarraxaram as estrelas
como se fossem lâmpadas de brinquedo
e fez-se a escuridão
É nisso que dá deixar estrelas ao alcance das crianças, Henrique. Elas não fazem por mal, fazem porque é da natureza das crianças alcançarem às coisas para brincar, e, como você bem sabe, há coisas com as quais é muito perigoso brincar: estrelas, liberdades, sentimentos...
Obrigado, por vir, por ler, por comentar destacando justamente o cerne do poema e da questão.
Grade abraço
Onde foi parar o agradecimento que deixei aqui ao seu comentário, Carla?
Coisa da internet.
Agradeço-lhe por vir, por ler e por comentar.
Beijos
falando sério? uma delícia de poema, lindas imagens. Beijo.
hm, pois eu prefereria trata os temas sérios...
nossa, eu adoro esse trecho de lígia. e que madalena, mon dieu!
ai, fred, os dogmas. estão ai, né... credo.
Oi Fred,
Lindo!lindo! lindo!
A brincadeira de não brinco mais já que o peso trouxe o escuro.
Gosto quando a linguagem apresenta códigos da alma infantil sem ser bobinha.
É possível fazer poemas leves como este ,com rasgos de intelecto e aroma de sensibilidade...você fez.
Com carinho e admiração,
Cris
Espero sua visita
Obrigado, Adriana.
Beijos
Profundíssimo, Fred. E verdadeiro.
O pior é que os dogmas têm visgo e deixam rastros na gente, por mais que se saiba que não levam a nada senão à imobilidade e à escuridão.
Beijo pra você.
Faça-se LUZ...
Bjo grande Fred
=)
Parece que é impossível livramo-nos dos dogmas, Nina. Até mesmo as mais ilustres inteligências quando procuram destruí-los é para substituí-los por outros.
Quanto a tratar de temas sérios, só se me fosse dado o poder para reorganizar as órbitas astrais, quiçá deter a expansão do universo (risos).
Não pense que não me afligem as auguras da humanidade, o problema é que a solução é uma tarefa ainda mais complexa que a da reorganização do universo. Não tenho me eximido dela: este poema é apenas mais uma pequena contribuição, pois creio que a dogmatização é um aspecto da questão humana que merece análise.
Pode ficar parecendo que eu me acho e me dou uma importância maior que a que tenho, mas é só impressão: sei que é mais um toque que tem um público restritíssimo e que pode ser um tiro n’água, porque evidentemente meu pensamento pode estar errado, mas é a minha maneira de tentar colaborar.
Agradeço-lhe pela presença, leitura e comentário.
Obrigado, Cris.
Ah! irei visitá-la ainda hoje, sem falta.
Beijos
É o que acho, Adelaide. Bom saber que se acho errado, erro em boa companhia.
Obrigado.
Beijos
Faça-se, Bia.
Obrigado, amiga.
Beijos
Engraçado como vc joga o tema de forma meio ironica e deixa pra que pensemos. Leve e Profundo como não consigo ser. xD
Você consegue, sim, Gabriel. Agradeço-lhe a visita, leitura e comentário.
Grande braço
O céu ao alcance das mãos de crianças, seria talvez o mundo mais perfeito!
Em respeito à natureza, deixo um forte abraço!
Belíssimo poema, Fred!
Abraços
Mirse
Desde que as crianças não jogassem bola com as estrelas, estes objetos frágeis.
A verdade, Mirse, é que criança é sempre comovente e inocente, mas precisamos nos lembrar que trazem na herança anímica, e ainda sem os freios da ética, todos os nossos defeitos, sobretudo o egocentrismo e a crueldade.
Vê-se que hoje não estou muito poético (risos).
Obrigado, amiga, pela visita, leitura e comentário.
Beijos
as crianças desatarraxaram as estrelas
como se fossem lâmpadas de brinquedo
e fez-se a escuridão
Criança brincando com eletricidade é um perigo, mas mais perigo ainda é a quando se faz escuridão!!!!
Ascender é luz é preciso!
Muito lindo!
Bjs
Excelente poema, Fred. De uma riqueza contextual e semântica que enobrece a poesia e/ou filosofia da imaginação.
Bravíssimo!
Beijos :)
H.F.
Ascender para acender, Wania. É isso, exatamente isso.
Agradeço-lhe a vinda, leitura e comentário.
Beijos
Você sempre generosa, Hercília.
Obrigado.
Beijos
em tempos de (re)apagão,
teu poema ilumina.
Bj.
Obrigado, Talita.
Você acredita que, ontem à noite, quando soube do apagão, me lembrei imediatamente deste poema?
Beijos
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