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quinta-feira, junho 24

memórias



para Fausto Valle,
vivo ou morto



tantas batalhas
velhas histórias
os amigos que partiram
ainda tão vivos na memória

memórias
memórias
memórias
memórias

e o mistério de um sol sempre poente
absolutamente insano como o oceano
desconcertantemente lógico como as

memórias
memórias
memórias
memórias

eu creio que por pouco não sei quanto
talvez em Ítaca se encontre a proporção
conquanto eu prefira a inexatidão exata das

memórias
memórias
memórias
memórias

dissolverei em barro a angústia hereditária
que aprendi a moldar noutra metáfora
a máquina de criar quando se apagam

memórias
memórias
memórias
memórias


Fred Matos

terça-feira, junho 22

é assim





Faz poucos minutos que eu soube, através da edição de junho da Germina – Revista de Literatura e Arte, que o amigo, poeta e contista Fausto Rodrigues Valle faleceu no dia 12 de maio.

Fausto foi um dos poucos amigos virtuais que eu tive o prazer de conhecer pessoalmente. Devo-lhe o incentivo e empenho pessoal para a publicação do “Anomalias”, livro que ele não apenas prefaciou, mas para o qual arrumou a editora e acompanhou a produção.

Fausto Rodrigues Valle, nasceu em Araxá (MG), em 1930. Estudou Medicina em Belo Horizonte. Morava em Goiânia desde 1961. Em 1988 publicou pela Zamenhoff Editores, o seu primeiro livro de poesia “A fonte do sal”. Também de poesia são:”Cravos sobre a mesa” em 1992, “Relógio de areia” em 1998, “Aldeia Absurda” em 1999 e “Poemas dispersos” em 2005, todos pela Editora Kelps. Além dos livros de poesia, publicou os livros de contos “Confraria dos marimbondos”, em 2001 pela Editora Kelps e, em 2005, “Um boi no telhado”, pela R&F Editora.


Na falta de palavras minhas, despeço-me do amigo com palavras dele:


O desejo vem, vai,
volta, persiste,
perdura, insiste,
mas o que se deseja?

Ambição,
cobiça,
anseio,
aspiração!

Pra que, meu Deus?

É assim, é assim,
até que, prosaicamente,
nos silenciemos
para sempre.

Fausto Valle





na foto antiga: Dila, Eu, Fausto e Clenira, no meu apartamento em Salvador

terça-feira, agosto 25

uma lágrima para Anibal





Lamentavelmente, mais um amigo se despede. Morreu, na manhã de hoje, em Manaus, o amigo Anibal Beça, poeta, tradutor, compositor, teatrólogo e jornalista. Anibal nasceu em Manaus em 1946. Trabalhou como repórter, redator e editor, em todos os jornais de Manaus. Tem dezenas de livros publicados e em 1994 recebeu o Prêmio Nacional Nestlé, em sua sexta versão, com o livro “Suíte para os Habitantes da Noite”.

Não nos conhecíamos pessoalmente, mas a nossa amizade virtual data de mais de 10 anos: iniciou-se quando me convidou para participar da "Poemas" uma lista que criou com a Rosa Clement. Desde aquela época, creio que 1998, mantínhamos contato através de e-mail, com interrupções que decorriam de complicações causadas pelo que chamava de seu "rebelde diabetes".

De Anibal recebi estimulante e generoso comentário ao poema "Ausências". Comentário que está no livro "Eu, Meu Outro", publicado em 1999, ao lado de outros que muito me honram. Muito me honrou e comoveu, também a análise crítica ao livro "Anomalias", publicada aqui no blog.

O último poema que Anibal me enviou por e-mail foi este:


RECOMEÇAR

Anibal Beça ©


Prontos para fazer novo começo
assim como o bom dia novamente
sai do sol sem a névoa, seu avesso,
busquemos claridades displicentes.

O teu mundo não é maior que o meu
nem o meu choro é pouco do teu muito;
a pedra que me cabe nesse intuito
também te servirá no apogeu.

Todas as paixões passam num circuito
do Malecón de Cuba ao coliseu
no bem viver da vida e o seu minuto

O recomeço pousa nas pegadas
no desafio de verbo fortuito
de ressaltar as sombras salteadas.


Para Anibal escrevi o poema


amalgama amazônico


[para Anibal Beça]


fundada no verde e em versos
na lubricidade das matas
no caudal de rios e igarapés
vem do universo amazônico
uma poética que sem negar-lhe
transcende o regional e revela
sonoridades que amalgamam
como se fruta e semente
oriente e ocidente
alma e fera.

Fred Matos

domingo, agosto 16

Iosif Landau




Faleceu às 22 horas do dia 14, sexta-feira, vítimado por um câncer de pulmão, o amigo querido, escritor e poeta Iosif Landau.


Iosif nasceu em Bucareste, em 30 de abril de 1924. Estudou na Romênia, na Inglaterra e no Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1940. Engenheiro, formado em 1949, trabalhou mais de quarenta anos construindo rodovias, ferrovias, hidrelétricas e na eletrificação.
A vida nômade permitiu-lhe conhecer intimamente o país e nossa gente. Aposentou-se em 1992. Para ocupar o tempo vago, participou de uma oficina literária com o escritor Flávio Moreira da Costa, durante cinco anos.
Seu primeiro livro —Comissário Alfredo (Editora Record) — foi editado em 1995. Depois, vieram: Os Anjos Também Morrem (romance policial, Editora Altos da Glória, 1997); Encontro em Salvador(romance, Papel & Virtual Editora, 1998); Eles, Eu, Outros (poesia, Papel & Virtual Editora, 1999); Minha Doce Empreiteira (romance policial, Papel & Virtual Editora, 2000); Tudo por Nada(romance, Papel & Virtual Editora, 2001); Confissões (poesia, Papel & Virtual Editora, 2001);Preto & Branco (poesia, Papel & Virtual Editora, 2002); Memória Tumultuada (memórias, Papel & Virtual Editora, 2002); Eu Vi (poesia, Papel & Virtual Editora, 2003); Abelardo e Outros Contos (contos, Papel & Virtual Editora, 2004); Eu, Investigador (romance policial, Papel & Virtual Editora, 2004) e O Diabo Vestia Seda (romance policial, Publit Editora, 2006). Em 2005, foi publicado na antologia Crime Feito em Casa — Contos Policiais Brasileiros (org. Flávio Moreira da Costa, Editora Record).

Para homenagear o amigo publico um poema dele e um que escrevi para ele e publiquei no livro “Anomalias”



Infâmia


Um povo caiu na armadilha
depois daquela tragédia
o milagre de uma Pátria
mas ainda o caminho sem flores
vitoriosos permanecem vencidos
sua coragem é o choro dos filhos
calmaria feita de tempestades
terra submersa em infâmias
crianças indefesas e pais exaustos
se afogam nas areias do solo sagrado
piedoso Jeová permita o sacrifício
que nos aniquilem de vez, por toda vez
os Poderosos prometeram Paz.


Iosif Landau



Fado

[para o amigo Iosif Landau]


Na selva de asfalto concreto e aço,
na rotina da luta pela sobrevivência,
não há força além da aparência
nem paz a quem abraça o cansaço.

Pouco a pouco, sem que percebamos,
vestimo-nos com essa vã armadura
e poucos se dão conta da loucura
onde, desde a infância, navegamos.

Assim, perdidas as afeições humanas,
amesquinhamo-nos na individualidade
e iludimo-nos buscando a felicidade
nas celas estreitas das nossas cabanas.

Mas há os que transcendem este fado
no abraço fraterno do amigo resgatado.


Fred Matos
publicado em "Anomalias".
Editora Kelps
Setembro/2002

quarta-feira, novembro 19

Pensar Enlouquece - obrigado Alexandre




Pode ser que seja pura vaidade -- não nego que sou vaidoso e acho que tenho muitos motivos para ser -- mas acho natural que me interesse por acompanhar a audiência ao "nas horas e horas e meias" que do dia 9 de Setembro até este exato instante recebeu 1.563 visitas originadas de 854 IP's. Considerando que é um blog novo, considero um número acima das minhas expectativas. 

Hoje, porém, observei que a quantidade de visitas tem sido superior à média e verifiquei que boa parcela dos visitantes são oriundos do site Pensar Enlouquece, do meu amigo Alexandre Inagaki. Blog que foi incluído pela Revista Época entre os "80 blogs que você não pode perder" (matéria de capa da semana). 



A explicação: O Alexandre colocou o "nas horas e horas e meias" como um dos blogs da semana. É claro que eu acho que mereço, mas é obvio que sou grato ao Alexandre. Obrigado, Alexandre. 




pesquisar nas horas e horas e meias